Práticas de ensino experimental das ciências no 1.º CEB em Portugal

Abstract

Nesta comunicação pretendemos apresentar um estudo sobre as práticas dos professores de Ciências do 1.º Ciclo do Ensino Básico, descritas nos relatórios de Gestão Curricular da Inspeção-Geral da Educação e Ciência. Para que o Ensino em Ciências cumpra com o seu objetivo de contribuir para a construção de uma literacia científica das crianças (Rundgren, 2018), é incumbido ao professor a responsabilidade de criar múltiplas oportunidades neste âmbito. O desafio de adotar um ensino que promova esta literacia pode ser superado através de uma perspetiva Inquiry Based Science Education Ciência-TecnologiaSociedade desde os primeiros anos (Nudelman, 2015). Tendo como ponto de partida o quadro descrito, o objetivo deste estudo, de natureza qualitativa, consiste em caracterizar as práticas de ensino e avaliação dos professores de 1.º Ciclo do Ensino Básico, tendo por base a análise de conteúdo de um vasto acervo documental (121 relatórios), apoiada no software WebQDA. Os resultados apontam para um número considerável de práticas de ensino experimental das Ciências que, quando analisadas parecem ser superficiais e secundárias. Deste modo, assiste-se à desarticulação entre a aparente implementação de atividades de cariz experimental e as diretrizes e objetivos subjacentes ao Ensino das Ciências para este ciclo de ensino. Trata-se de atividades em que: i) subsiste a ausência da articulação com o quotidiano das crianças; ii) pouco incitam um ensino que estimulem um ensino centrado nas crianças; e iii) descuram o desenvolvimento de competências científicas das crianças. Relativamente às práticas avaliativas, é reiterada uma constante nestes relatórios: i) pouco subsiste a monitorização e acompanhamento do desenvolvimento das aprendizagens; ii) processo pouco transparente; e iii) subvalorização das capacidades e atitudes e valores em prol dos conhecimentos. Advindos da análise realizada, constatamos que existe um número exíguo de práticas coerentes com os pressupostos atuais defendidos na literatura, protelando uma mudança visivelmente necessária.