Morte e Poder em Séneca e Eduardo Lourenço

Abstract

A questão que nos propomos abordar nesta comunicação consiste precisamente na investigação acerca da possivel actualidade das questões tratadas na obra de Séneca, agora vistas à luz das aporias e inquietações próprias do homem do século XX, especificamente aquelas que são sinalizadas na obra de um filósofo português contemporâneo Eduardo Lourenço. Embora as obras de Séneca e de Eduardo Lourenço se encontrem distanciadas por vinte séculos, elas abordam duas das mais enigmáticas questões com que a humanidade se tem debatido: a questão da morte e do poder. E dizemos questão pois que nos parece tratar-se de uma mesma problemática, uma vez que há, inegavelmente,uma pulsão de morte no fenómeno do poder, enquanto, por seu turno, todo o poder passa também pela tentativa de dominar a morte. Na verdade, o carácter enigmático do poder alimenta-se do caracter inigmático da morte, ambas participando de uma mesma violência, que se torna particularmente feroz em épocas de crise, fenomeno especialmente ressentido por homens de aguda sensibilidade e reflexão. São estes os casos tanto de Séneca como de Eduardo Lourenço que, propondo embora soluções distintas para as mesmas questões, constituem um bom exemplo de pensadores que vivem um tempo histórico, político, social e cultural, de crise generalizada.