Sinfonia Amadeo: seis quadros musicais inspirados em pinturas de Amadeo de Souza-Cardoso

Abstract

A Sinfonia Amadeo homenageia o grande pintor português homónimo, Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918). Idealizada para a comemoração do centenário da sua morte, em 2018, viria a ser concluída em 2021, respondendo a uma encomenda da Banda Musical de Amarante (cidade natal de Amadeo). A proposta de musicar quadros de Souza-Cardoso partiu do maestro Hugo Folgar e inclui-se num projecto mais vasto de homenagem, através da Música, a grandes personalidades amarantinas da cultura. Para mim, que sou um admirador confesso de Pintura em geral e de Amadeo em particular, foi uma honra aceitar este desafio. Mas, ao mesmo tempo, também motivo de alguma apreensão sobre qual a melhor forma de abordar musicalmente as icónicas obras daquele gigante da pintura modernista, ainda para mais numa arte que lhe é tão diametralmente oposta como é a efémera arte dos sons. No rescaldo, optei por retirar de cada um dos quadros que escolhi (seis ao todo) algum pormenor, ora bastante óbvio ou deveras insignificante, que me marcou neles e me inspirou. Os seis andamentos da sinfonia são assim uma viagem pela imagética amadiana, mas não pretendem ser representativos do seu catálogo ou da sua evolução estilística. A escolha dos quadros, por exemplo, obedeceu muito prosaicamente ao meu mero gosto pessoal e a música daí resultante continua a ser pura e abstracta, pois nunca foi minha intenção descrever acuradamente as pinturas. A inspiração em Amadeo está sempre presente, é inegável e assumida, mas pretendo que a minha sinfonia seja uma obra de arte autónoma que pode (e deve) ser apreciada pura.

The Symphony Amadeo pays tribute to the great Portuguese painter, Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918). Conceived for the centenary commemoration of his death in 2018, it was to be completed in 2021 in response to a commission from the Banda Musical de Amarante (Amarante Wind Band, Amadeo’s hometown). The suggestion of setting to music some of Souza-Cardoso’s paintings came from the conductor Hugo Folgar and is included in a broader project of homage, through Music, to great Amarantine cultural personalities. For me, a passionate admirer of Painting in general and of Amadeo in particular, it was an honor to embrace this challenge. But, at the same time also a motive of some apprehension about the best way to approach musically the iconic works of such a giant of modernist painting, even more in an art that is so diametrically opposed to it as the ephemeral art of sounds. In the aftermath, I chose to take from each of the paintings selected by me (six in all) some detail, at times quite obvious or indeed rather insignificant, that struck and inspired me in each of them. The six movements of the symphony are therefore a journey through Amadeo’s imagery, but they do not pretend to be representative of his catalogue or stylistic development. The choice of the paintings, for instance, was solely a matter of personal taste and the resulting music is still pure and abstract, since it was never my intention to accurately describe the paintings themselves. My inspiration in Amadeo is present throughout – it is undeniable and overtly assumed. But also, I intend that my symphony stands as an autonomous work of art which can (and should) be appreciated as pure music.