Metamorfose no design alemão? Simplicidade no trabalho de Dieter Rams e Konstantin Grcic

Abstract

O sucesso comercial e a visibilidade alcançada pelos produtos da Braun fizeram de Dieter Rams uma das principais figuras do design alemão. A abordagem racional, reforçada pelos seus Ten Principles for Good Design, parece corroborar o estereótipo de que o design alemão é caracterizado por uma tendência para a organização, sistematização e planeamento. Ainda que a sua prática aponte para uma direção consistente, as circunstâncias que determinam a identidade de design de um país são naturalmente mais complexas, mutáveis e inevitavelmente permeáveis à globalização e cruzamentos culturais, características fundamentais do design contemporâneo. Uma das formas que temos de compreender as qualidades que definem o design alemão hoje, pode ser comparar autores significativos da sua prática em diferentes momentos da história. Nesse sentido, pela representatividade no panorama do design alemão e pela frequência com que são associados aos princípios da Bauhaus e da Escola de Ulm, torna-se fundamental comparar o trabalho de Dieter Rams, um dos mais influentes designers do séc. XX, com o trabalho de Konstantin Grcic, atualmente a principal figura do design do país. Se a aparência simples e reduzida dos seus produtos nos permite identificar um ponto de contacto entre os dois designers, as diferenças presentes na origem deste conceito e, consequentemente, na sua aplicação aos objetos parecem sugerir uma alteração de abordagem. Este artigo procura analisar e sistematizar as semelhanças e as diferenças na simplicidade presente no trabalho de Rams e Grcic, confrontando os dois principais designers de duas gerações fundamentais na construção da imagem que hoje temos do design alemão. Esta análise consiste numa reflexão crítica do trabalho destes dois autores feita com suporte a dados recolhidos em revisão bibliográfica. A sistematização da informação recolhida procura identificar aspetos que valem a pena considerar numa provável metamorfose da identidade de design do país.

The commercial success and visibility achieved by Braun products have made Dieter Rams one of the leading figures of German design. The rational approach, reinforced by his Ten Principles for Good Design, seems to support the stereotype that German design is characterized by a tendency towards organization, systematization and planning. Even if its practice points in a consistent direction, the circumstances that determine a country’s design identity are naturally more complex, changeable and inevitably permeable to globalization and cultural mixing, fundamental characteristics of contemporary design. One of the ways we have to understand the qualities that define German design today can be to compare significant authors of its practice from different moments in history. In this sense, due to its representativeness in the German design panorama and the frequency with which it is associated with the principles of the Bauhaus and Hochschule für Gestaltung Ulm, it is essential to compare the work of Dieter Rams, one of the most influential designers of the 20th century, with the work of Konstantin Grcic, currently the leading figure in German design. If the simple and reduced appearance of their products allows us to identify a contact point between the two designers, the differences present in the origin of this concept and, consequently, in its application to objects seem to suggest a change of approach. This article seeks to analyze and systematize the similarities and differences in the simplicity present in the work of Rams and Grcic, confronting the two main designers of two fundamental generations in the construction of the image we have today of German design. This analysis consists of a critical reflection of the work of these two authors with the support of data collected in literature review. The systematization of the information collected tries to identify aspects that are worth considering in a probable metamorphosis of the country’s design identity.