High tide roost habitats in the tropics: usage of tannes and mangrove by shorebirds in the Bijagós archipelago

Abstract

Every autumn, migratory shorebirds move from their breeding grounds to their wintering areas. During the wintering season shorebirds need to find food, typically in intertidal flats uncovered by the receding tide, and when the tide rises, they move to resting areas, known as high-tide roosts. The Bijagós archipelago is one of the most important wintering areas in West Africa, hosting several hundred thousands of shorebirds, however the wintering ecology of these species in this site remains little studied. Although many studies have focused in the foraging ecology of these species, including some in the Bijagós, the information on habitat use, specifically regarding roosting areas, is mostly lacking. This thesis aims to determine the variation in shorebird use of tannes as high tide roost (a unique habitat to tropical areas) and to quantify the proportional usage of this habitat using satellite tracking of two shorebird species (Bar-tailed Godwit, Limosa lapponica and Whimbrel, Numenius phaeopus), in a major tropical wintering area, the Bijagós archipelago in Guinea-Bissau. Results indicate that tannes are mostly used by shorebirds around the high-tide peak, both during diurnal and nocturnal tides. During the peak high tide, when tannes often flood, shorebirds must find alternatives (such as mangroves), but many return soon after the flood peak, suggesting that tannes have an important role as resting habitats. Satellite tracking data indicated that intertidal flats were the most used habitat by both species, as could be expected, but that mangrove was the second most used habitat for the Whimbrel. Although tannes presented lower proportional use from the satellite tracking data, potentially associated with the characteristics of the two species tracked, camera trapping data indicated substantial numbers of shorebirds in some tannes. This is the case in the Ratum tanne, which congregated up to 657 individuals. These results suggest that protecting high-tide roost habitats such as tannes and mangroves in tropical areas is as important as protecting the intertidal feedings areas of these migrants, as both habitats provide different but needed functionalities for shorebirds and are thus essential for their conservation.

Em cada outono as aves limícolas migratórias deslocam-se das suas áreas de reprodução em direção às suas áreas de invernada. Durante a época de invernada, estas aves necessitam de encontrar alimento, na vasa intertidal na maré baixa, e, quando a maré sobe, elas deslocam-se para locais de quota mais alta para descansar, também conhecidos como refúgios de maré alta. O arquipélago dos Bijagós é uma das áreas de invernada mais importantes de Africa Ocidental, acolhendo várias centenas de milhares de aves limícolas, contudo, a ecologia destas espécies neste local continua pouco estudada. Apesar de muitos estudos se focarem na ecologia alimentar destas espécies, incluindo alguns nos Bijagós, a informação sobre o uso de habitats, e especificamente os refúgios de maré alta, ainda é diminuta. Esta tese tem como objetivos determinar a variação no uso de tannes por aves limícolas como refúgios de mare alta (um habitat típico das áreas tropicais) e quantificar a proporção do uso deste habitat através de seguimento de satélite de duas espécies (Fuselo, Limosa lapponica e Maçarico-galego, Numenius phaeopus) numa importante área de invernada tropical, o arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau. Os resultados sugerem que os tannes são mais usados pelas aves limícolas durante a maré alta, tanto na maré diurna como noturna. Durante o pico da maré alta, quando os tannes tendem a inundar, as aves limícolas necessitam de encontrar habitats alternativos (como mangais), mas muitas retornam após o pico da maré cheia, sugerindo que os tannes possuem um papel importante como habitats de descanso. Os dados do seguimento de satélite indicam que a vasa intertidal é o habitat mais utilizados por ambas as espécies, tal como seria de esperar, mas os mangais foram o segundo habitat mais usado pelo Maçarico-galego. Apesar dos tannes apresentarem baixos valores de uso proporcional segundo os dados de seguimento satélite, potencialmente associado com as características das duas espécies seguidas, os dados de foto-armadilhagem apresentaram números substanciais de aves limícolas em certos tannes. Este é o caso do tanne de Ratum, que congregou 657 indivíduos. Estes resultados sugerem que a proteção de habitats de refúgio de maré alta em zonas tropicais, tais como tannes e mangais, é tão importante como a proteção de áreas de alimentação na vasa intertidal para estes migradores, uma vez que ambos os habitats fornecem funcionalidades diferentes, mas ambas necessárias para as aves limícolas, sendo estas essenciais para a sua conservação.