A Alemanha unificada: trave-mestra da Nova Europa ou gigante über alles? O debate na imprensa periódica portuguesa

Abstract

A Unificação Alemã, assinada a 3 de outubro de 1990, acelerou o advento de uma nova era para a Europa, que via, a partir daquele momento, iniciado um processo de construção comunitária, assente nos princípios de união, solidariedade e cooperação. Torna-se interessante perceber como este acontecimento, com fortes repercussões no espaço europeu, foi recebido em Portugal, um dos chamados PIIGS, um acrónimo com óbvias conotações negativas, mas que tem tido uma fortuna excecional, designadamente nos domínios económico e financeiro.* O corpus analisado (artigos de opinião, reportagens, notícias, entrevistas e editoriais) foi recolhido na imprensa periódica portuguesa de referência, nomeadamente nos semanários Expresso e O Independente e nos diários Público e Diário de Notícias, no período compreendido entre julho e dezembro de 1990. Foram ainda comtempladas no estudo em apreço as edições dos referidos jornais publicadas de janeiro de 2011 a novembro de 2012, uma vez que o atual contexto de crise económica e política que se vive na Europa tem chamado de novo a atenção para a Alemanha e para a forma como esta tem vindo a assumir uma posição de comando nas instâncias de poder europeias, mormente nos domínios político e financeiro. * O acrónimo PIGS foi inicialmente usado para descrever Portugal, Itália, Grécia e Espanha, os quatro países europeus periféricos com as Economias mais débeis. Em 2008 passou a PIIGS, com a integração da Irlanda, na sequência da crise bancária que entretanto veio também à tona neste país (cf. Krouse, 2012).

The German Unification, signed on 3rd 1990, accelerated the advent of a new era for Europe, which, from that moment, started the process of building a community based on the principles of unity, solidarity and cooperation. It is interesting to understand how this event, which had strong repercussions in Europe, was received in Portugal, one of the so-called PIIGS, an acronym with obvious negative connotations, but with strong projection in the economic and financial fields. The analysed corpus (opinion articles, reports, news, interviews and editorials) was collected from the quality Portuguese press, namely the weekly Expresso and O Independente, as well as from the daily Público and Diário de Notícias, in what the period from July to December 1990 is concerned. The editions that were published in the same newspapers from January 2011 to November 2012 were also taken into account, once the economic and political crisis we are now facing in Europe has drawn wider attention to Germany and to the way this country has been assuming a leading position among the European institutions, specially in the political and financial sectors.* The acronym PIGS was originally used to describe Portugal, Italy, Greece and Spain, the four peripheral European countries with weaker economies. In 2008, the acronym became PIIGS, when Ireland, following the banking crisis that broke out, joined the group (cf. Krouse, 2012).