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http://hdl.handle.net/10773/38502
Title: | A traição da morte: figurações de Caim e dos seus duplos |
Other Titles: | The betrayal of death: representations of cain and his doubles |
Author: | Ferreira, Maria Aline |
Keywords: | Caim Byron Mary Shelley Romantismo George Bernard Shaw Saramago |
Issue Date: | 1-Jan-2015 |
Publisher: | UA Editora |
Abstract: | O objectivo deste ensaio é analisar algumas personagens que de várias maneiras descendem temática e simbolicamente de Caim, assim como dois tópicos intimamente relacionados com essas figuras: a imortalidade e o Duplo.
Nessa linhagem de descendentes de Caim situam-se os protagonistas do romance Frankenstein (1818; 1831) de Mary Shelley e Cain de Lord Byron (1821), uma peça que Shelley admirava. Tanto Frankenstein como Cain são por sua vez profundamente devedores do poema épico Renascentista de Milton, Paradise Lost, que William Blake, um confesso admirador de Cain de Byron, ilustrou profusamente, incluindo litografias de Caim. A concentração da minha análise fundamentalmente em obras do período Romântico decorre do aumento de visibilidade e interesse na temática do Herói, que assume várias características comuns às personagens principais das obras mencionadas: a rebeldia contra Deus, a identificação com Lúcifer, a ânsia de imortalidade e revolta contra a condição humana, agrilhoada a um corpo finito. A presença de um Duplo, o castigo de ter de vaguear solitário, assim como o não assumir a responsabilidade pelos seus actos, abandonado aquele que se tornou na sua vítima são outros traços partilhados e salientes. As semelhanças entre Caim e Abel e os protagonistas de Frankenstein, Victor Frankenstein e a sua Criatura, também eles alternando entre Criador e Criatura, Deus e Lúcifer, irmãos e Duplos, são numerosas e significativas, assim como entre Cain de Byron e o Caim de José Saramago (a temática da Morte e do Duplo, de resto, atravessam e estruturam a obra saramaguiana).
Como mitos de criação, com numerosos ecos em desenvolvimentos científicos actuais e antecipados, mitos esses que incluem uma ambígua relação com a possibilidade do prolongamento da vida (uma extensão parcialmente conseguida ou imaginada pela ciência) estas histórias, como herança de Caim, possuem uma cada vez maior actualidade. This essay analyses a number of characters that are literary descendents of Cain, as well as two topics inex-tricably connected with it: immortality and the Double. In this context Mary Shelley’s Frankenstein (1818; 1831) and Lord Byron’s Cain (1821), a play Shelley admired, are examined. In turn, both Frankenstein and Cain were deeply influenced by Milton’s Paradise Lost, which William Blake, who also thought highly of Byron’s Cain, profusely illustrated, including lithographs portraying Cain.As a prototypical Romantic hero, Cain represents the wandering rebel, who defies God’s imposition of death on humanity, identifies with Lucifer and yearns for immortality. Cain’s similarities with Shelley’s Frankens-tein and his Creature are numerous and telling, including the rebellion against their Creator, who eschews responsibility by abandoning them, as well as their positioning as Doubles. In related vein, Saramago’s Cain shares a number of characteristics with Byron’s and George Bernard Shaw’s Cain. As creation myths, these narratives of rebellion against the tyranny of death, seen as an act of betrayal by an omnipotent, despotic God, are profoundly contemporary and topical, articulating the wish for a longer life that scientific advances promise to deliver in the not too distant future. Cain can thus be seen as a very modern character, articulating the ambitions of transhumanists and others who envisage life extension and the permanent removal of death. |
Peer review: | yes |
URI: | http://hdl.handle.net/10773/38502 |
DOI: | 10.34624/fb.v0i12.5266 |
ISSN: | 1645-927X |
Appears in Collections: | DLC - Artigos |
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