Investigação em didáctica e ensino das ciências: percepções dos professores de física e química

Abstract

Embora recente como Ciência a Didáctica reúne já um número muito avultado de resultados emergentes da investigação os quais são considerados por investigadores e alguns professores dos vários níveis de ensino relevantes para efeitos de tomada de decisão sobre práticas de ensino. Os estudos de investigação realizados na última década, centrados em questões de sala de aula, indicam que subjacente às práticas dos professores existem epistemologias (normalmente empiristas) e psico-pedagogias (behaviouristas) que orientam as opções didácticas (por exemplo, selecção de conteúdos de ensino e a escolha de estratégias/metodologias de ensino aos alunos), as quais precisam de ser mudadas de modo a que melhor possam contribuir para o desenvolvimento pessoal e social do aluno, numa sociedade fortemente influenciada pelo desenvolvimento da Ciências e da Tecnologia, pelo que as actuais ideias dos professores sobre o processo de ensino aprendizagem têm de mudar. Sendo reconhecido que, apesar dos esforços despendidos pelos investigadores, as mudanças didácticas prospectivadas estão longe da consolidação desejada propusemo-nos averiguar possíveis razões que estarão na base da separação existente entre a investigação em Didáctica e as práticas dos professores de Física e Química. No estudo levado a cabo, de natureza empírica e de carácter descritivo, utilizou-se um questionário escrito construído para o efeito, como instrumento de recolha de dados. Foram envolvidos no estudo 83 professores do Continente e das Regiões Autónomas. Os resultados obtidos permitiram-nos concluir que apesar dos professores considerarem possuir conhecimento sobre alguns temas investigados em Didáctica das Ciências, e que este era importante para as suas práticas de ensino, em geral, não conseguiram justificar tais opiniões nem indicar de que forma esse conhecimento influencia as suas práticas. Além disso reconheceram também a necessidade de aprofundar tal conhecimento,' alegando uma formação inicial insuficiente sobre esta temática. Concordante com a relevância que atribuíram ao conhecimento sobre a investigação em Didáctica das Ciências mostraram algum interesse em formação nessa área, mas alegaram limitações de natureza externa para participar activamente em projectos de investigação-acção. Em termos gerais, os resultados obtidos permitem-nos ainda problematizar aspectos da formação inicial e contínua dos professores de Física e Química sobre a investigação em Didáctica das Ciências.