New Christian memory in dispute: the disputed Fonseca inheritance between Rome, Coimbra and Lamego

Abstract

The article presents the case of the inheritance of the New Christian merchant banker António da Fonseca a longtime resident of Rome and the dispute which ensued after his death in 1588 regarding a provision in his will between his son Manuel and the designated executor António Pinto, Portugal’s chief diplomat, also of New Christian origin. While António da Fonseca had established that money was to be distributed to the Misericórdia of Lamego, his place of origin, to tend to the city’s Old and New Christian destitute, António Pinto’s nephew and heir Francisco Vaz Pinto altered the provision to create a college at the University of Coimbra which would allow members of the Fonseca and Pinto family to study at the university while imposing the kinds of blood purity statutes which existed in most colleges at the university at that time. The legal dispute between Manuel da Fonseca and Francisco Vaz Pinto which became an affair of state at the Habsburg and Roman courts was, in essence a dispute about how the New Christian memory of the families was to be negotiated and lived in Portugal and abroad.

O artigo apresenta o caso da herança do mercador-banqueiro cristão-novo António da Fonseca, residente de longa data em Roma, e a disputa subsequente à sua morte, em 1588, a respeito de uma disposição do seu testamento entre o filho Manuel da Fonseca e o testamenteiro designado, António Pinto, diplomata-chefe de Portugal na Cidade Eterna, também de origem cristã-nova. Enquanto António da Fonseca tinha estabelecido que o dinheiro devia ser distribuído à Misericórdia de Lamego, a sua terra de origem, para atender aos desamparados cristãos-velhos e novos da cidade, o sobrinho de António Pinto e herdeiro, Francisco Vaz Pinto, alterou a disposição para poder criar um colégio na Universidade de Coimbra, que permitisse aos membros da família Fonseca e Pinto estudar na universidade, ao mesmo tempo que impunha estatutos de pureza de sangue existentes na maioria dos colégios da universidade naquela época. O litígio entre Manuel da Fonseca e Francisco Vaz Pinto, que se tornou questão de estado nas cortes dos Habsburgos e de Roma, foi, no essencial, uma disputa sobre como a memória cristã-nova das famílias devia ser negociada e vivida em Portugal e no estrangeiro.