Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10773/33528
Title: Infocomunicação e plataformas digitais na economia de partilha: um estudo multicasos sobre a confiança em contextos sustentáveis
Author: Sales, Raissa Karen Leitinho
Advisor: Baldi, Vania
Amaro, Ana Carla Miguéis
Keywords: Infocomunicação
Plataformas digitais
Economia de partilha
Cultura da participação
Consumo colaborativo
Confiança
Defense Date: 17-Dec-2021
Abstract: Esta investigação analisa a emergência de relações de confiança e participação digitalmente mediadas na partilha de bens e serviços, para propor boas práticas infocomunicacionais no âmbito de uma cultura colaborativa em rede. Considerou-se a confiança e os interesses partilhados entre utilizadores das plataformas digitais Volunteers Base, The Poosh e WWOOF Portugal, no intercâmbio de habilidades e conhecimentos na partilha de estilos de vida, neste caso, baseados em uma cultura sustentável. Investigou-se, portanto, as experiências de partilha entre quem se oferece para trabalhar como voluntário, sem remuneração monetária, num contexto em que deseja adquirir determinadas competências, conviver e expandir os seus contatos, e um anfitrião disposto a ensinar, acomodar e receber ajuda em seu espaço social para efetivar tal aprendizagem. A natureza qualitativa fundamentou os métodos e as técnicas de coleta e interpretação dos dados, apurados a partir da observação em três plataformas digitais, análise de conteúdo de 104 perfis de anfitriões, inquérito aplicado com 110 voluntários e colaboração de 11 experts. As plataformas digitais da economia de partilha, por sua vez, esforçam-se para mediar as relações entre utilizadores por meio de um sistema infocomunicacional, capaz não apenas de dispor uma listagem de utilizadores, mas, sobretudo, com informações, ferramentas e mecanismos que inspirem confiança entre os utilizadores. Imbricada à mediação realizada pelas plataformas digitais, no tocante às ferramentas e aos recursos disponíveis, está também a forma como estas experiências de partilha estão sendo promovidas e o grau de comprometimento destas organizações com os seus utilizadores. O facto de uma transação de troca, venda, aluguer ou doação acontecer entre pares (diretamente entre os atores da economia de partilha e mesmo sem a intermediação de uma empresa), modifica a lógica processual do consumo, mas não elimina os interesses organizacionais. Todavia, acredita-se na existência de organizações que realmente se esforçam para permitir uma melhor utilização de recursos (tecnológicos, sociais ou ambientais) e, consequentemente, práticas mais sustentáveis. De uma forma geral, as plataformas digitais investigadas gerem os seus conteúdos de forma a garantir o acesso aberto da informação aos utilizadores, ao mesmo tempo que procuram minimamente assegurar os dados e a privacidade. A segurança dos utilizadores é uma das principais questões levantadas sob a perspetiva da confiança na plataforma digital. Entretanto, para além dos artefatos da plataforma digital, é também a cultura da participação fomentada pelos aspetos sociais comuns aos voluntários e anfitriões que torna a confiança algo imprescindível na partilha de estilos de vida colaborativos. A construção da confiança neste âmbito tem como ponto de partida a expetativa de uma reciprocidade, compactuada por estranhos que buscam experienciar um modo de viver a partir de uma troca e partilha não mercantilizadas. Apesar deste tipo de partilha ainda parecer excêntrico para alguns, para outros esta possibilidade faz parte de um processo de aprendizagem e formação de vínculos ético-sociais. A reciprocidade entre estes utilizadores é assinalada a partir de vários indicadores interpessoais, cognitivos e subjetivos. A partir disto, percebe-se a formação implícita de um pacto social entre os atores envolvidos, pautado no ensino e na aprendizagem de competências ligadas à sustentabilidade e reforçado pelas experiências de partilha mediadas em rede. A confiança pode ser assim construída numa dimensão relacional e estrutural nas experiências de partilha de estilos de vida colaborativos, por meio de um senso mantido pela comunidade de voluntários e anfitriões e respaldado pelas plataformas digitais desenhadas para o efeito. Diante disto, a proposta de boas práticas infocomunicacionais no âmbito de uma cultura colaborativa em rede foi estratégica, no sentido de poder explorar as suas melhores dinâmicas e condições sociotécnicas. Esse constructo foi fundamentado por um conjunto de 16 diretrizes propostas para o bom êxito das práticas de partilha. Esperase que esta investigação, diante da evidência de um ethos colaborativo, possa promover uma cultura participativa de boas práticas digitais, fomentando o cruzamento entre as discussões académicas, as políticas das plataformas analisadas e as instituições interessadas.
This research analyses the recent emergence of trust and participation relationships formed online and conducted digitally, in the sharing of goods and services, and thus propose good communication practices and reliable information sharing, to facilitate a collaborative culture within that network. It considers the trust and shared interests formed online between users of the digital platforms Volunteers Base, The Poosh and WWOOF Portugal, focusing on the exchange of skills and knowledge and the digital sharing of ‘lifestyles’ based on a culture of sustainability. The primary focus of this investigation is to analyse the experiences of ‘sharing’ between those who offer to work, without financial remuneration, as a volunteer, in exchange for acquisition of certain skills, a better social life and to expand their contacts, with those hosts willing to teach, accommodate and pass on their understanding in order to receive help in their social space. A qualitative and exploratory approach forms the foundation of the methodology for collecting and interpreting data, derived from observation across three digital platforms, content analysis of 104 host profiles, a survey of 110 individual volunteers and collaboration with 11 designated experts. The role of these digital platforms in ‘the sharing economy’, aim to mediate the relationships between users through an info-communication system, capable not only of linking a network of users, but, above all, look to inspire trust among the users using tools of information and mechanisms that ensure faith in the system. Intercommunication between users facilitated by these digital platforms, by use of these tools and resources, is also the way in which these sharing experiences are being promoted and reflects the degree of commitment of these organizations to their users. The fact that transactions of exchange, sale, rental, or donation take place between peers (directly between the actors within the sharing economy and without intervention by a traditional company), modifies the procedural logic of consumption, but does not entirely eliminate organizational interests, these organizations that truly strive to allow a better use of resources (technological, social, or environmental) consequently create more sustainable practices. In general, the investigated digital platforms manage their content to guarantee open access to information for users, while minimally seeking to ensure data and privacy. User safety is one of the main issues raised from the perspective of trust in the digital platform. However, these digital platforms do create a culture of participation imbued with social values common to both volunteers and hosts that makes trust essential for a collaborative lifestyle. To build trust in this context, takes as its starting point, the expectation of reciprocity, backed-up by the commitments of strangers who seek to experience a way of life based on non-commodified, non-financial exchange. Although this type of sharing still seems eccentric for some, to others the opportunity is part of a learning process and the formation of ethicalsocial bonds. The reciprocal agreement between users can be defined by various interpersonal, cognitive, and subjective indicators. From this, one can see the implicit formation of a social pact between the actors involved, based on the teaching, and learning of skills related to sustainability and reinforced by shared experiences mediated within the network. Trust can therefore be built from shared experiences and collaborative lifestyles, as maintained by the community of volunteers and hosts, and supported by digital platforms designed for this purpose. In light of this, the proposal of good infocommunicational practices in the context of a collaborative culture in a network, was strategic, in order to explore its best dynamics and socio-technical conditions. This construct was based on a set of 16 guidelines proposed for the success of sharing practices. It is hoped that this investigation, given the evidence of a collaborative ethos, can promote a participatory culture of good digital practices, fostering the intersection between academic discussions, the policies of the analysed platforms and the interested institutions.
URI: http://hdl.handle.net/10773/33528
Appears in Collections:DeCA - Teses de doutoramento
UA - Teses de doutoramento

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