Relação entre competência emocional e comportamento assertivo dos enfermeiros das unidades de saúde familiar do ACeS Maia/Valongo

Abstract

O presente relatório expõe o resultado das atividades efetuadas no Estágio de Natureza Profissional, realizado na Unidade de Saúde Familiar Pirâmides, entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021. Tem como objetivos refletir sobre as aprendizagens resultantes da prática e o desenvolvimento de competências especializadas em Enfermagem de Saúde Familiar e apresentar o estudo de investigação, realizado durante o estágio, denominado “Relação entre competência emocional e comportamento assertivo dos Enfermeiros das Unidades de Saúde Familiar do ACeS Maia/Valongo”. O Enfermeiro de Família, enquanto profissional que presta cuidados ao indivíduo e família, ao longo do ciclo vital e em diferentes contextos, deve desenvolver competências emocionais e comunicacionais para assegurar a eficácia, segurança e qualidade das relações que estabelece. Deste modo, este estudo teve como objetivo analisar a relação entre as características sociodemográficas e profissionais dos enfermeiros das Unidades de Saúde Familiar do ACeS Maia/Valongo e a competência emocional e os comportamentos assertivos com os utentes e com a equipa multidisciplinar. Utilizou-se uma metodologia quantitativa, do tipo transversal descritivo-correlacional. A amostra foi constituída por 66 enfermeiros a exercer funções em Unidades de Saúde Familiar do ACeS Maia/Valongo. Os dados foram recolhidos através de um questionário eletrónico, que foi constituído por 3 partes: características sociodemográficas e profissionais, questionário de competência emocional e questionário de comportamentos assertivos com o utente e com a equipa multidisciplinar. O período de colheita de dados decorreu de 19 de julho a 19 de agosto de 2021. Este estudo foi aprovado pela comissão de ética para a saúde. Os dados foram tratados com recurso ao Statistical Package for Social Sciences. Da análise de dados concluiu-se que a amostra possui níveis elevados de competência emocional (205,1+-20,9) e adota frequentemente comportamentos assertivos com o utente e com a equipa multidisciplinar (4,86+-0,65). Além disso, as características sociodemográficas da amostra não se relacionaram de forma estatisticamente significativa, nem com as competências emocionais, nem com a adoção de comportamentos assertivos. Também não se verificou relação estatisticamente significativa entre a competência emocional da amostra e as suas características profissionais ou de satisfação laboral. Por outro lado, a experiência em outros serviços e o gosto pelo local de trabalho relacionaram-se de forma estatisticamente significativa com a adoção de comportamentos assertivos. Também o tempo de serviço na carreira se correlacionou positivamente com a adoção de comportamentos assertivos. Verificou-se correlação positiva entre a competência emocional e a adoção de comportamentos assertivos (rs=0,339, p=0,005). Também se verificou correlação entre a escala de comportamentos assertivos e as subescalas de competência emocional “capacidade para lidar com a emoção” (rs=0,327, p=0,007) e “expressão emocional” (rs=0,406, p=0,001). Verificou-se correlação entre a subescala comportamentos assertivos com o utente e as subescalas de competência emocional “capacidade para lidar com a emoção” (rs=0,249, p=0,043) e “expressão emocional” (rs=0,272, p=0,027). Por fim, verificou-se correlação entre a subescala comportamentos assertivos com a equipa multidisciplinar e a escala total de competências emocionais (rs=0,338, p=0,006) e entre a subescala comportamentos assertivos com a equipa multidisciplinar e as subescalas de competência emocional “capacidade para lidar com a emoção” (rs=0,324, p=0,008) e “expressão emocional” (rs=0,406, p=0,001). Os resultados sustentam a importância da competência emocional no desenvolvimento de habilidades sociais, como a assertividade, ambas fundamentais para garantir o sucesso das relações mantidas pelo Enfermeiro de Família com utente, família e equipa multidisciplinar.

This report presents the results of the activities carried out in the Internship of Professional Nature, which took place at the Pirâmides Family Health Unit, between October 2020 and February 2021. It aims to reflect on the learning experiences resulting from the practice and the development of specialized skills in Family Health Nursing, and to present the research study carried out during the internship, named "Relationship between emotional competence and assertive behavior of Nurses of the Family Health Units of ACeS Maia/Valongo". The Family Nurse, as a professional who provides care to individuals and families throughout the life cycle and in different contexts, must develop emotional and communicational skills to ensure the effectiveness, safety, and quality of the relationships they establish. Thus, this study aimed to analyze the relationship between the sociodemographic and professional characteristics of nurses of the Family Health Units of the ACeS Maia/Valongo and the emotional competence and assertive behaviors with patients and the multidisciplinary team. A quantitative, cross-sectional descriptive-correlational methodology was used. The sample was composed of 66 nurses working in Family Health Units of the ACeS Maia/Valongo. Data were collected through an electronic questionnaire composed of three parts: sociodemographic and professional characteristics, emotional competence questionnaire, and questionnaire on assertive behaviors with the patient and the multidisciplinary team. The data collection period was from July 19 to August 19, 2021. This study was approved by the ethics committee for health. Data were processed using the Statistical Package for Social Sciences. Data analysis concluded that the sample had high levels of emotional competence (205,1+-20,9) and frequently adopted assertive behaviors with the patient and the multidisciplinary team (4,86+-0,65). In addition, the sociodemographic characteristics of the sample were not statistically significantly related to either emotional competence or the adoption of assertive behaviors. There was also no statistically significant relationship between the emotional competence of the sample and their professional characteristics or job satisfaction. On the other hand, experience in other services and liking for the workplace were statistically significantly related with the adoption of assertive behaviors. Also, the length of service in the career correlated positively with the adoption of assertive behaviors. There was a positive correlation between emotional competence and adoption of assertive behaviors (rs=0,339, p=0,005). There was also a correlation between the assertive behaviors scale and the emotional competence subscales "ability to deal with emotion" (rs=0,327, p=0,007) and "emotional expression" (rs=0,406, p=0,001). There was a correlation between the assertive behaviors with the user subscale and the emotional competence subscales “ability to deal with emotion” (rs=0,249, p=0,043) and “emotional expression” (rs=0,272, p=0,027). Finally, there was a correlation between the assertive behaviors with the multidisciplinary team subscale and the total emotional competence scale (rs=0,338, p=0,006) and between the assertive behaviors with the multidisciplinary team subscale and the emotional competence subscales "capacity to deal with emotion” (rs=0,324, p=0,008) and “emotional expression” (rs=0,406, p=0,001). The results support the importance of emotional competence in the development of social skills, such as assertiveness, both of which are essential to ensure the success of the relationships maintained by the Family Nurse with patients, families and the multidisciplinary team.