Determinantes da qualidade da informação não financeira no contexto da Diretiva 2014/95/UE: evidência de empresas europeias

Abstract

O relato de informação não financeira tem assumido especial importância nos últimos anos, em grande medida como consequência da entrada em vigor, no espaço europeu, da Diretiva 2014/95/UE, que veio impôr, a um conjunto de grandes empresas, a obrigação legal de divulgar informação não financeira. A investigação empírica tem acompanhado esta tendência e os estudos têm documentado os efeitos da entrada em vigor da Diretiva nas práticas de relato e na qualidade da informação relatada. Porém, a evidência empírica tende a ser fragmentada, não existindo estudos que analisem, com base num conjunto alargado de países, várias dimensões dessa qualidade. Perante esta lacuna, esta dissertação tem como objetivo identificar os fatores determinantes da qualidade da informação não financeira, tendo por base uma amostra de 43 empresas pertencentes a 16 países europeus que aplicam a Diretiva e o ano de 2019. Os dados foram recolhidos manualmente a partir dos relatórios onde as empresas publicam este tipo de informação, tais como, relatórios de sustentabilidade, relatórios integrados e relatórios de gestão. Para quantificar a qualidade da informação não financeira procedeu-se à construção de um índice, tendo por base a análise de conteúdo daqueles documentos. A identificação dos determinantes teve por base a análise de regressão múltipla. Os resultados obtidos demonstram que a qualidade da informação não financeira, globalmente considerada, é apenas determinada pela opção das normas GRI adotada, sendo que as empresas que seguem a opção Comprehensive evidenciam informação de melhor qualidade comparativamente com as empresas que seguem a opção Core ou Referenced. Determinantes tais como a apresentação da informação num relatório de sustentabilidade, a existência de um comité de sustentabilidade na estrutura de governo da empresa ou a existência no país, antes da Diretiva, de legislação sobre divulgação de informação não financeira, evidenciam um efeito positivo na qualidade da informação, mas apenas para determinados aspetos. Contrariamente ao esperado, a sensibilidade ambiental do setor de atividade influencia negativamente a qualidade da informação sobre o modelo empresarial. Por fim, a utilização de uma tabela de reconciliação, a proximidade do setor ao consumidor e a tradição legal do país não determinam a qualidade da informação não financeira, em nenhuma das suas dimensões.

Non-financial information reporting has assumed special importance in recent years, largely as a result of the entry into force, in Europe, of Directive 2014/95/EU, which imposed, on large companies, a legal obligation to disclose non-financial information. Empirical research has followed this trend and studies have documented the effects of the implementation of the Directive on the reporting practices and on the quality of reported information. However, the empirical evidence tends to be fragmented, and there are no studies that analyze, based on a wide range of countries, various dimensions of this quality. Given this gap, this dissertation aims to identify the determinants of the quality of non-financial information, based on a sample of 43 companies belonging to 16 European countries that apply the Directive and the year 2019. Data were collected manually from corporate reports, such as sustainability reports, integrated reports and management reports. To quantify the quality of non-financial information, an index was built, based on the content analysis of those documents. The identification of determinants was based on multiple regression analysis. The results obtained show that the quality of non-financial information, globally considered, is only determined by the option of the GRI standards adopted, with companies that follow the Comprehensive option showing better quality information compared to companies that follow the Core or Referenced option. Determinants such as the presentation of information in a sustainability report, the existence of a sustainability committee in the company's governance structure or the existence, in the country, before the Directive, of legislation on the disclosure of non-financial information, show a positive effect on quality information, but only for certain aspects. Contrary to expectations, the environmental sensitivity of the activity sector negatively influences the quality of information about the business model. Finally, the use of a reconciliation table, the proximity of the sector to the consumer and the country's legal tradition do not determine the quality of non-financial information, in any of its dimensions.