A tecnologia multimédia ao serviço da cultura da partilha: o caso do Banco de Tempo de Santa Maria da Feira

Abstract

A designação de Economia da Partilha remete para um fenómeno social que ganhou popularidade desde 2010, como um conjunto de plataformas que proporcionaram novos métodos de efetuar trocas e partilhas, de bens e serviços entre desconhecidos através das tecnologias digitais. Focado em sustentabilidade ambiental, económica e social, este fenómeno foi também explorado por modelos comerciais que distorceram a sua rotulação. Numa perspetiva de resguardar o princípio solidário e comunitário proposto pelas experiências da partilha em rede destacam-se as iniciativas promovidas pelos Bancos de Tempo. Criados a partir de um conceito anterior à emergência da Web 2.0, o Banco de Tempo de Portugal não parece aproveitar bem das novas tecnologias da comunicação para o seu funcionamento, nem para a sua comunicação externa. É composto por várias agências no país, tipicamente pequenas, onde as pessoas partilham o seu tempo ajudando outros com aquilo que gostam de fazer, a troco de créditos de horas. Em primeiro lugar, este trabalho de investigação distingue diferentes práticas socio-comunicacionais que caracterizam o debate sobre a Economia da Partilha, através de uma revisão da literatura. A seguir, através de uma comparação entre plataformas desenhadas para o efeito, estuda-se o desenvolvimento de um protótipo para uma plataforma digital para o Banco de Tempo de Portugal, através do caso do Banco de Tempo de Santa Maria da Feira. Neste sentido foram desenvolvidos dois protótipos como prova de conceito, para analisar a utilidade e a necessidade de uma plataforma de mediação das trocas nestas comunidades. Os resultados foram positivos, e são feitas sugestões para desenvolvimentos futuros.

The designation of Sharing Economy refers to a social phenomenon that has gained popularity since 2010, as a set of platforms that have provided new methods of exchanging and sharing goods and services between strangers through digital technologies. Focused on environmental, economic and social sustainability, this phenomenon was also exploited by business models that distorted its labeling. With a view to safeguarding the solidarity and community principle proposed by the practices of network sharing, the initiatives promoted by Time Banks stand out. Created from a concept prior to the emergence of Web 2.0, the Time Bank of Portugal does not seem to make good use of new communication technologies for their operation, nor for their external communication. It is made up of several agencies throughout the country, typically small, where people share their time by helping others with what they like to do in exchange for time credits. Firstly, this research work distinguishes different socio-communicational practices that characterize the debate on the Sharing Economy, through a literature review. Next, by comparing platforms designed for this purpose, we study the development of a prototype for a digital platform for the Time Bank of Portugal, through the case of the Santa Maria da Feira Time Bank. In this sense, two prototypes were developed as proof of concept, to analyze the usefulness and the need for a mediation platform of the exchanges in these communities. The results were positive, and suggestions are made for future developments.