A relação teatro e educação em Portugal no fim do 2º milénio: das lições da história à construção de novas perspectivas

Abstract

Com o estudo que se apresenta pretende-se questionar a intervenção actual das artes e, especificamente, do teatro no interior da escola. E porquê? Porque a ligação entre as artes e a educação tem sido feita ao longo dos anos, numas alturas com uma dominância do discusro artístico, e, noutras, com a educação a tomar o lugar principal. Nunca houve a articulação duma perspectiva que servisse de igual modo estes dois mundos: o da arte e o da educação. Quando nos confrontamos, como hoje acontece, com a consciência de que o modelo de escola actualmente dominante já está esgotado e não serve as necessidades e os desafios do mundo actual, então as práticas artísticas, enquanto áreas de rotura, podem ajudar a criar condições para a emergência de práticas e projectos capazes de romper com este modelo de escola. É exactamente nesta dimensão de rotura, onde as fronteiras entre a arte e a educação se fundem, que procurámos definir um modelo de intervenção do teatro que seja capaz de actuar no interior da contradição que é existir num sistema que já não serve e, ao mesmo tempo, criar condições para a emergência de um outro modelo ou modelos alternativos. E como nos propomos fazê-lo. Assumindo que o teatro no interior das escolas deve ter uma vertente experimental e de trabalho de laboratório capaz de estruturar projectos que desafiem as diferentes áreas do conhecimento e as obriguem a trabalhar em conjunto, a cruzar os seus saberes e a produzir pensamento. Pensamos assim que com a abertura destes projectos, que mais do que disciplinas são espaços de interface, poderemos criar condições para que os alunos sejam capazes de organizar o seu pensamento duma forma complexa e tomarem consciência de que o conhecimento é muito mais do que um somatório de disciplinas isoladas. Naturalmente que um projecto desta dimensão não se poderá limitar ao interior da escola, tendo sim que mobilizar os parceiros e os projectos existentes no exterior e criar pontes permanentes de comunicação entre o dentro e o fora da escola.

This study questions the intervention of the arts, more specifically, of theatre in schools. For what purpose? For years, the connection between arts and education has oscillated between an unbalanced discourse. There has never been an equal articulation between the two areas, serving in this way a balanced view of art and of education. When our conscience confronts us with the fact that the model of today’s school is dissatisfactory, and so does not serve the necessities and demands of our modern world. The arts, as a field of innovation and confrontation can help create conditions for the development of alternative models. How can this be done? If theatre in schools should have an experimental aspect, it should be able to challenge the different areas of knowledge encouraging them to work together, overlapping specific knowledge and producing new thoughts. It is believed that with the beginning of such projects, which more than curricular subjects are open spaces of interface, we can develop conditions so that the students are able to organise their thoughts and understand that knowledge is much more than the putting together of different subjects. Obviously, such a project can not be restricted to the school itself; it must motivate partners and existing projects outside school, thus creating solid bridges of communication between school and the outside world.