O Espaço do Conto em Maria Ondina Braga

Abstract

A obra de Maria Ondina Braga resulta da plena fusão entre experiência e ficção. Marcada por um percurso vital emocionante, esta escritora conta, nas suas histórias, a emoção dos dramas humanos recortados de um quotidiano nimbado pela banalidade. A dor, solidão e impossibilidade de felicidade trilham o caminho das suas personagens, quase sempre femininas, andarilhos como a autora pelo mundo – Braga, França, Inglaterra, Angola, Goa, Macau, Pequim… - em que a sua dispersão permite esboçar um mapa da geografia do íntimo. Escritora de poesia, crónicas, novelas, romances, biografias, é no conto que encontra a sua melhor expressão, a sua verdadeira vocação. Neste trabalho procura-se reflectir sobre a presença da estética do conto, com uma tendência fortemente lírica, na produção ficcional de Ondina Braga, apresentando o espaço como um dos pilares de sustentação da economia narrativa da sua arte de contar, enquanto elemento externo, instigador da escrita, e interno, mobilizador de sentidos, espelho de sentimentos.

Maria Ondina Braga’s work results in a complete fusion between experience and fiction. Marked by an emotional life course, this writer tells us, in her stories, the emotions of human drama, cut out from a daily life, exalted in its banality. Pain, loneliness and an impossibility of happiness shape the life of her characters, almost always female ones, as the author herself, errands in a world – Braga, France, England, Angola, Goa, Macau, Peking… - in which her dispersion consents a rough draft of an intimate geography map. Despite writing poetry, chronicles, short stories, novels and biographies, it’s in her short stories that she best expresses herself and where her true talent lies. In this work one tries to reflect upon the presence of the short story’s aesthetics, with a strong lyrical tendency in Ondina Braga’s fictional production, in which space is presented as being one of the supporting pillars of the narrative economy in her art of telling, instigating the writing as an external element and mobilising the senses as an internal one, a mirror of feeling.