Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10773/10979
Title: Determinantes psicossociais da dor sexual na mulher portuguesa
Author: Oliveira, Cátia Margarida dos Santos Pereira de
Advisor: Nobre, Pedro Jorge da Silva Coelho
Keywords: Psicologia sexual
Dor sexual - Mulheres
Sexualidade - Crenças
Auto-estima
Sexualidade - Aspectos culturais
Comportamento psicossexual
Disfunções sexuais
Defense Date: 2013
Publisher: Universidade de Aveiro
Abstract: A dor é uma experiência perceptualmente complexa, influenciada por um conjunto variado de fatores biológicos e também psicossociais. A sua vivência varia de pessoa para pessoa, havendo diferentes níveis de impacto no funcionamento emocional, interpessoal, motivacional e físico. A dor sexual, mais conhecida por dispareunia e vaginismo, é uma problemática de natureza habitualmente crónica que afeta muitas mulheres. Apesar de ser um importante alvo de estudo nas últimas décadas, e apesar do impacto que tem nas vidas de muitas mulheres, é ainda uma temática pouco abordada junto dos profissionais de saúde, sendo igualmente difícil a determinação da sua causa e respetivo tratamento. A sua concetualização tem sido um dos principais alvos de discussão entre investigadores e clínicos, havendo quem defenda que a mesma deve ser considerada, ou como uma perturbação de dor, ou como uma disfunção sexual. Contudo, mesmo com um crescimento significativo da literatura, não existem ainda dados que clarifiquem o papel que determinadas variáveis psicossociais exercem no desenvolvimento e manutenção da dor sexual e que forma estas aproximam, ou distanciam, este quadro clínico da dor crónica e de outras disfunções sexuais. Neste contexto, o objetivo do presente estudo consistiu em avaliar a influência do Mindfulness, do afeto-traço, dos pensamentos automáticos, das crenças sexuais, da perceção, vigilância e catastrofização face à dor, da perceção da resposta do outro significativo à dor, da autoestima, da autoestima sexual, do ajustamento diádico e do funcionamento sexual em mulheres com dor sexual, comparando-as com três grupos específicos: mulheres com dor crónica, mulheres com outras dificuldades sexuais e mulheres da população geral, sem nenhuma destas dificuldades. Por outro lado, foi avaliada a capacidade preditiva de cada uma destas variáveis psicossociais na intensidade da dor em mulheres que sofrem de dor sexual e dor crónica. Um total de 1233 mulheres colaboraram no presente estudo: 371 mulheres com dor sexual, 245 mulheres com dor crónica, 94 mulheres com disfunção sexual e 523 mulheres da população geral. As participantes responderam a um conjunto de questionários que foram disponibilizados através de um link online e que avaliaram cada uma das dimensões em estudo. Os resultados mostraram que as mulheres com dor sexual e disfunção sexual apresentaram uma menor capacidade para ser mindful, mais pensamentos automáticos negativos de fracasso/desistência, uma maior escassez de pensamentos eróticos, uma menor autoestima e autoestima sexual e uma menor qualidade do ajustamento diádico e funcionamento sexual, quando comparadas com as mulheres com dor crónica e da população geral. Por outro lado, as mulheres com dor sexual e dor crónica apresentaram maiores níveis de perceção, vigilância e catastrofização face à dor, quando comparadas com as mulheres com disfunção sexual e da população geral. Ao nível da perceção da reposta do outro significativo, as mulheres com dor sexual apresentaram significativamente uma menor perceção de respostas solícitas que as mulheres com dor crónica e da população geral. Não foram encontradas diferenças entre os grupos ao nível do afeto-traço e crenças sexuais disfuncionais. No que diz respeito à intensidade da dor nas mulheres com dor sexual, emergiram como preditores significativos os pensamentos de fracasso, as crenças sexuais de desejo sexual como pecado, a magnificação e o desânimo face à dor, a atenção à dor, a perceção de resposta de punição do outro significativo, o ajustamento diádico, a autoestima e a autoestima sexual. Em relação ao grupo com dor crónica, surgiram como preditores significativos o afeto negativo, o desânimo face à dor, a atenção à dor e a perceção de resposta de punição do outro significativo. Uma análise conjunta de todos estes preditores para cada um dos grupos, demonstrou que a perceção da resposta de punição da parte de outro significativo se constituiu como o melhor preditor da intensidade da dor nas mulheres com dor sexual, enquanto que o desânimo face à dor se mostrou como o mais significativo nas mulheres com dor crónica. De uma forma geral, os resultados demonstraram a importância das diferentes variáveis psicossociais na vivência da dor sexual e na respetiva intensidade da dor. Revelaram ainda que a dor sexual apresenta aspetos em comum, quer com a dor crónica, principalmente ao nível da relação com a dor, quer com outras disfunções sexuais, nomeadamente em termos cognitivos e relacionais. O presente estudo vem assim reforçar a ideia de que este é um quadro clínico multidimensional e complexo, trazendo consigo importantes implicações ao nível da sua concetualização, avaliação e tratamento.
The pain is a perceptually complex experience, influenced by a wide range of biological and psychosocial factors. Its experience varies from person to person and has different levels of impact on the emotional, interpersonal, motivational, and physical functioning. The sexual pain, often defined as dyspareunia and vaginismus, is usually a chronic problem that affects many women. Despite the growing research interest in the last decades, and the impact of sexual pain in women’s lives, this is still a rarely addressed topic by health professionals, probably due to difficulties regarding its causes and successful treatment. Its conceptualization has been a major target among researchers and clinicians, who argued that it should be considered either as a pain disorder, or as a sexual dysfunction. However, even with the significant literature growth, it is not yet clear the role that some psychosocial variables have in the development and maintenance of sexual pain, and how they relate or discriminate the sexual pain from both chronic pain and other sexual dysfunctions. In this context, the objective of the present study was to evaluate the influence of Mindfulness, trait-affect, automatic thoughts, sexual beliefs, pain perception, vigilance and catastrophizing, the perception of significant other responses to pain, self-esteem, sexual self-esteem, dyadic adjustment and sexual functioning in women with sexual pain, compared to three specific groups: women with chronic pain, women with other sexual difficulties, and women from the general population without any of these difficulties. Furthermore, we evaluated the predictive capacity of each of these psychosocial variables regarding the pain intensity of women with sexual pain and chronic pain. A total of 1233 women participated in this study: 371 women with sexual pain, 245 women with chronic pain, 94 women with sexual dysfunction and 523 women from the general population. The participants answered a set of questionnaires that evaluated each of these dimension and that were made available through an online link. The results showed that women with sexual pain and sexual dysfunction were less mindful, had more failure/disengagement thoughts, and a lack of erotic thoughts, lower self-esteem and sexual self-esteem, lower dyadic adjustment and poorer sexual functioning, when compared with women with chronic pain and from the general population. Moreover, women with sexual pain and chronic pain had higher levels of perception, vigilance and catastrophizing to pain, when compared to women with sexual dysfunction and the general population. Regarding the perception of significant other responses to pain, women with sexual pain had a significantly lower perception of solicitous responses in comparison to women with chronic pain and the general population. No differences were found between the groups in terms of traitaffect and sexual beliefs. With respect to predictors of pain intensity in women with sexual pain, several dimensions emerged such as failure/disengagement thoughts, beliefs of sexual desire and pleasure as sin, attention, magnification and helplessness to pain, the perception of punishment responses from significant other, dyadic adjustment, self-esteem and sexual self-esteem. Regarding the group with chronic pain, negative trait-affect, attention and discouragement to pain, and perception of punishment responses of the significant other have emerged as significant predictors. A combined regression analysis with all these predictors for each group showed that the perception of punishment responses from significant other was the best predictor of pain intensity in women with sexual pain, while helplessness to pain was the most significant predictor in women presenting chronic pain. In general, the results showed the important role of several psychosocial variables on sexual pain and pain intensity. They also revealed that sexual pain shares several aspects with both chronic pain (such as specific pain characteristics) and other sexual dysfunctions (such as cognitive and relational dimensions). This study reinforces the complexity and multidimensionality of the sexual pain, and may have several implications in the conceptualization, clinical evaluation, and treatment of these difficulties.
Description: Doutoramento em Psicologia
URI: http://hdl.handle.net/10773/10979
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DEP - Teses de doutoramento

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