A arte como expressão da metamorfose do objetivo no subjetivo: o contexto do contágio da conotação sensível sobre a denotação da racionalidade da forma

Abstract

Neste texto procura-se argumentar em que medida os desenhos são sempre a metamorfose da expressão subjetiva da/na objetividade da forma, no sentido de que a representação desta se subjetive sensibilizando-se pela expressão. Sustentar-nos-emos na ideia de que é a natureza inerentemente empírica do desenho que permite e potencia essa metamorfose. Sendo que, por outro lado, a manifestação da sensibilidade do artista sobre a representação da forma conduz a metamorfose do sentido denotativo do pensamento num sentido conotativo de seu eu. Na mesma perspetiva, a objetividade da percetibilidade denotativa da forma, ao subjetivar-se, orienta o autor para o fenómeno subjetivo da sua consciência: onde não acontece meramente o acréscimo cumulativo de conhecimentos, mas antes onde se metamorfoseiam variáveis sobre como entender o mundo externo e o mundo interno. O processo criativo que proporcione a complementaridade e a dialética entre as variáveis racionais e as variáveis sensíveis permitirá uma maior consciência da interioridade e da exterioridade. Na base da união racional-e-sensível que a metamorfose de uma maneira menos esclarecida de ver o mundo noutra maneira mais clarividente resultará num processo de consciencialização de alargamento da substância do ser-se. Trataremos de explicar em que medida o desenho empírico, como meio expressivo, e portanto sensível, de representar o pensamento, poderá ser um meio privilegiado de convergir para esta metamorfose do desconhecido no sensivelmente conhecido. Neste âmbito, convergir-se-á para a ideia de que a representação expressiva do desenho supõe não a conversão do racional no emotivo ou da racionalidade na sensibilidade, mas sim a metamorfose simbiótica e equilibrada razão-emoção e racionalidade-sensibilidade. Sendo que o processo criativo do desenho assim entendido contribui particularmente para a metamorfose do desunificado no unificado: na essência, numa consciência mais alargada e profunda.

In this text we try to argue to what extent the drawings are always the metamorphosis of the subjective expression of/in the objectivity of the form, in the sense that the representation of this is subjective, sensitized by the expression. We will support the idea that it is the inherently empirical nature of drawing that allows and enhances this metamorphosis. On the other hand, the manifestation of the artist’s sensitivity on the representation of form leads to the metamorphosis of the denotative sense of thought into a connotative sense of his self. In the same perspective, the objectivity of the denotative perceptibility of the form, by subjectivizing itself, guides the author towards the subjective phenomenon of his consciousness: where it is not merely the cumulative addition of knowledge, but rather where variables on how to understand the external world are metamorphosed. and the inner world. The creative process that provides complementarity and dialectic between rational variables and sensitive variables will allow a greater awareness of interiority and exteriority. On the basis of the rational-and-sensitive union, the metamorphosis of a less enlightened way of seeing the world into another, more clairvoyant way will result in a process of awareness of the enlargement of the substance of being. We will try to explain to what extent empirical drawing, as an expressive and therefore sensitive means of representing thought, can be a privileged means of converging towards this metamorphosis of the unknown into the sensibly known. In this context, it will converge to the idea that the expressive representation of the drawing supposes not the conversion of the rational into the emotional or of rationality into sensitivity, but the symbiotic and balanced metamorphosis of reason-emotion and rationality-sensitivity. The creative process of drawing, understood in this way, contributes particularly to the metamorphosis of the disunified into the unified: in essence, in a broader and deeper consciousness.