Emprego, rotina e prémios salariais para STEM vs Não-STEM: o caso português

Abstract

Tecnologia, globalização e alterações demográficas são 3 eixos que frequentemente estão associadas às transformações do futuro do mercado de trabalho. Este trabalho analisa o impacto da tecnologia, em particular da automação, no mercado de trabalho dos diplomados em Portugal no período 2010-2018 para áreas STEM e não-STEM com dados dos Quadros de Pessoal. Nesta análise identificam-se as principais tendências recentes do mercado de trabalho dos diplomados e respetiva relação com índices de rotinização das tarefas das ocupações, procedendo-se posteriormente a uma análise da evolução do prémio salarial de diferentes grupos que combinam área de formação (STEM vs Não-STEM), grau de formação (licenciados vs mestres) e nível de rotinização das ocupações (alto vs baixo). Os resultados sugerem uma maior valorização da formação STEM, em ambos os graus de formação, licenciados e mestres, mas particularmente acentuada para os segundos. Para além disso, verifica-se ainda que nos licenciados em ocupações de menos rotina, a formação STEM tem contribuído, ceteris paribus, para uma melhoria do seu prémio salarial. Esta valorização do prémio salarial pode estar associada a um efeito de complementariedade entre os indíviduos STEM e a rotina das ocupações, dado que a introdução de tecnologia exige mão de obra qualificada em áreas tipicamente STEM. Esta heterogeneidade nos prémios salariais exige por isso, políticas públicas e instrumentos eficazes para tornar as opções e escolhas de investimento em educação racionais e infromadas, adaptadas ao contexto em que vivemos.

Technology, globalization and demographic changes are 3 axes that are often associated with changes in the future of the labor market. This investigation analyzes the impact of technology particular, in automation, on the job market of graduates in Portugal in the period of 2010-2018 for STEM and non-STEM areas with data from Quadros de Pessoal. Identifying the main recent trends in the graduates' labor market and their relationship with the rotinization tasks index in occupations and develop an analysis of the evolution of the salary premium of different groups that combine the training area (STEM vs Non-STEM), degree of training (graduates vs. masters) and level of routinization of occupations (high vs. low) are the main goals of this study. The results suggest a greater appreciation of STEM training, in both degrees, graduates and masters, but particularly accentuated for the latter. In addition, it appears that in graduates in less routine occupations, STEM training has contributed, ceteris paribus, to an improvement in their premium salary. This appreciation of the salary premium may be associated with a complementarity effect between STEM individuals and the routine of occupations, given that the introduction of technology requires skilled labor that are typically associated with STEM areas. This heterogeneity in returns will require effective public policies and instruments to make rational and informed investment options and choices in education, adapted to the context in which we live.