O stresse e a organização escolar

Abstract

O presente trabalho tem como objectivos identificar a relação existente entre o stresse dos educadores do pré-escolar e professores do primeiro ciclo e a organização escolar através dos agrupamentos de escolas definido pelo Decreto-Lei nº 115 / 98, bem como identificar o nível de stresse ocupacional dos docentes. Foram estudados 180 docentes da zona litoral norte e dos Açores, tendo sido utilizados para o efeito dois instrumentos de avaliação: um questionário do tipo Likert (O Stresse e a Organização Escolar) e um outro de Escala Analógica (A Avaliação do Stresse Ocupacional dos Docentes). Os resultados indicaram que, relativamente à identificação dos factores de stresse ocupacional dos docentes, a maioria dos inquiridos referiu especificamente as constantes mudanças de legislação, a falta de autonomia das escolas e ainda a atribuição de responsabilidade aos docentes pelo insucesso escolar dos alunos. Dos factores indutores de maior stresse na organização escolar, salienta-se o excesso de reuniões, a indisciplina dos alunos, o facto de existirem vários anos de escolaridade na mesma turma, e que apesar do número de reuniões ter aumentado, estas não contribuíram para a partilha de experiência entre os docentes do primeiro ciclo e as educadoras do préescolar. É de salientar que os docentes sentem que o novo modelo de gestão é uma cópia de outros modelos estrangeiros, que não se adequa à realidade portuguesa e que o mesmo pode vir a retirar autonomia aos docentes. Em termos de níveis de stresse global, a maioria dos inquiridos (93) enquadrou-se dentro de valores considerados médios de stresse. Com elevado nível de stresse foram identificados (47) docentes e apenas (40) apresentaram níveis baixos de stresse. São sugeridas algumas estratégias promotoras do bem-estar docente, bem como algumas indicações úteis aos responsáveis pela educação do nosso país no sentido de combater o elevado índice de stresse que se regista nesta profissão, contribuindo assim para uma maior satisfação profissional e dignidade da carreira.

The goal of this work is to identify the link between the stress felt by both pre-school and primary school teachers and the school organization as it was defined by the law number 115/98, as well as stress level among teachers. 180 teachers from Portugal’s north coast and from the Azores have been studied and later analysed by a Likert questionnaire (Stress and School Organization) and by an analogical scale (Evaluating Teachers’ Stress). Concerning the stress factors, the majority of the teachers specifically referred the constant changing of the laws, the lack of autonomy in many schools and the fact that, in most cases, educators are considered to be responsible for the bad school results of their pupils. Regarding stress in school organization, the huge number of school assemblies, the bad behaviour of learners, as well as the fact that in a single class there are different school levels, are considered to be the most influential causes for this type of nervous tension. Although there are now more school assemblies than in the past, it does not imply that primary and pre-school teachers share their experiences and ideas. In fact, they do not seem to share them at all. Teachers feel that school administration as it is nowadays is no more than a facsimile of other foreign models which do not fit within the Portuguese reality. Furthermore, educators are aware that they might loose their autonomy in the short run. The majority of teachers (93) fits within stress levels considered to be medium. 47 teachers suffer from high stress levels and only 40 go through a low stress experience. To fight back the problem of stress and anxiety, some strategies for the well-being of teachers are suggested, as well as a few useful guiding lines for those who are responsible for the education in Portugal. The aim is to make teaching a more satisfying and dignified career.