TY: THES T1 - Melhoramento de métodos da amêijoa asiática Corbicula fluminea A1 - Silva, Carlos Manuel Dias N2 - O bivalve de água doce invasor Corbicula fluminea, comummente designado de amêijoa asiática, é capaz de provocar alterações em aspetos vitais do funcionamento de ecossistemas, e prejuízos económicos severos por danos causados pela sua atividade incrustante em empresas hidrodependentes. Devido à crescente dispersão das infestações e às extensivas perdas económicas associadas, o melhoramento das técnicas de controlo é uma tarefa necessária. Uma vez que os métodos de controlo mais comuns se baseiam na aplicação de biocidas químicos, melhoramentos quer ao nível da eficácia quer da diminuição dos impactos ambientais associados à sua aplicação são fundamentais. A combinação de vários agentes biocidas resultando em sinergismo toxicológico, é uma das abordagens que permite que se reduzam as concentrações de cada um dos compostos usados no tratamento, ainda assim mantendo níveis satisfatórios de eficácia. Não obstante as vantagens da utilização de tratamentos combinados, a avaliação dos seus efeitos biocidas em bivalves (que precede naturalmente a aplicação em larga escala) é um processo logisticamente muito exigente dado o elevado número de combinações que é necessário considerar para que a análise produza resultados fidedignos. Este trabalho explorou a possibilidade de utilizar metodologias alternativas (logisticamente menos exigentes e na prática mais céleres) aos ensaios de mortalidade para avaliar a capacidade biocida de combinações binárias de agentes potenciais de controlo da amêijoa asiática: ensaios de toxicidade in vitro. Com este enquadramento presente, selecionaram-se quatro compostos modelo com potencial biocida relativamente à amêijoa asiática e sobre os quais havia muita informação toxicológica disponível: cobre, dimetoato, diclorvos e dodecil sulfato de sódio (SDS). A escolha destes compostos teve ainda em conta a capacidade que todos apresentam de inibir ChEs (um parâmetro que pode ser fidedignamente determinado in vitro), o que é um fator importante se considerarmos que a mortalidade causada pelos compostos pode ser explicada pela (ou pelo menos relacionada com a) inibição de ChEs. Numa fase inicial, a capacidade biocida de cada um dos compostos per se foi testada. Os resultados destes ensaios de mortalidade apoiaram a definição das gamas de concentração que foram utilizadas em testes subsequentes para avaliação da inibição de ChEs de homogeneizados de C. fluminea expostos in vitro a cada um dos compostos individualmente. Os resultados evidenciaram que estes compostos possuem de facto capacidade para inibir in vitro as colinesterases de C. fluminea. De seguida, foram efetuadas exposições in vitro de homogeneizados de C. fluminea a combinações binárias dos compostos (cobre e dimetoato; diclorvos e SDS), determinando os seus efeitos sobre a atividade das ChEs. O ajuste dos dados experimentais obtidos aos modelos de adição de concentração (CA; Concentration Addition) e de ação independente (IA; Independent Action), que explicam no geral a toxicidade de misturas de químicos, permitiu concluir que ocorre um comportamento sinergístico dos químicos quando combinados, em particular a baixas doses no caso da combinação de cobre com dimetoato, e fundamentalmente devido ao diclorvos na combinação de diclorvos com SDS. A capacidade desta metodologia alternativa, enquanto substituto dos ensaios de mortalidade, para testar combinações de agentes de controlo de C. fluminea, foi avaliada numa última fase: foram então realizados ensaios de mortalidade, em que os organismos foram expostos a concentrações criteriosamente selecionadas, com base nos dados obtidos nos ensaios anteriores. Os resultados evidenciaram a existência de uma relação entre a capacidade de inibição de ChEs de uma mistura e a mortalidade causada por uma mistura equivalente. O comportamento sinérgico dos componentes em mistura relativamente à capacidade de inibição das ChEs traduziu-se, na generalidade dos casos, numa tendência para efeitos mais do que aditivos relativamente à mortalidade. A possibilidade de se prever a letalidade, e consequentemente o potencial biocida, de uma mistura com base nos resultados obtidos em ensaios in vitro é evidenciada pelos dados obtidos no presente trabalho, apresentando-se por isso a utilização do biomarcador atividade de ChEs como uma forma rápida de avaliar o potencial biocida de misturas de compostos com propriedades anticolinesterásicas. Esta evidência abre caminho para a procura de ensaios alternativos adequados a outro tipo de químicos de controlo, facilitando a otimização de tratamentos combinados para aplicação no controlo de pestes no geral e/ou no controlo de bivalves incrustantes em particular. UR - https://ria.ua.pt/handle/10773/14026 Y1 - 2014 PB - Universidade de Aveiro