O trímetro sofocliano: variações sobre um esquema

Abstract

O estudo do trímetro sofocliano e da função dramática das suas variações é o objectivo central desta dissertação, que se divide em duas partes fundamentais: I. Do iambo ao trímetro; II. O trímetro sofocliano. Na primeira parte, com um capítulo único intitulado “O iambo: história do conceito – o género e o metro”, o autor, recorrendo a testemunhos antigos, traça a evolução do conceito ἴαμβος. Designava este termo, nos primórdios da cultura grega, composições rudimentares que faziam uso da αἰσχρολογία em ocasiões festivas associadas aos cultos de Dioniso e de Deméter. Só mais tarde, como se procura demonstrar, viria a emprestar o seu nome à estrutura métrica que, com a forma de trímetro, marcou a cadência deste género de poesia satírica e, posteriormente, das partes dialogadas do drama grego. Nos dois capítulos da segunda parte, o autor procede ao estudo da dinâmica do trímetro iâmbico nas tragédias de Sófocles, ao nível do esquema, entendido como uma vertente externa do sistema métrico. Neste segmento de análise procura avaliar a importância dramática das variações rítmicas que se produzem a partir da estrutura-base do trímetro, a entidade abstracta e universal que define o verso no seu sentido mais geral. Esta análise é acompanhada pelo estudo descritivo das estruturas nas peças conservadas de Sófocles, seguido da discussão ecdótica de alguns versos, em especial daqueles em que a opção por uma conjectura ou por uma variante dos manuscritos pode implicar alterações na estrutura do trímetro ou na sequência textual. A partir do estudo das variações do trímetro, sua frequência e dinâmica, retira o autor conclusões sobre técnicas de construção desta estrutura rítmica em Sófocles, que não permitem estabelecer uma linha contínua de desenvolvimento. Da dissertação fazem ainda parte uma introdução e uma conclusão sucintas, a bibliografia, repartida por edições e comentários e por estudos críticos, e ainda os índices geral, de resoluções e onomástico.

This dissertation seeks to study the Sophoclean trimeter and the dramatic function of its variations and has been divided into two main sections: I. From iamb to trimeter; II. The Sophoclean trimeter. In the first part, the chapter “The iamb: history of the concept – genre and metre”, by examining ancient testimonies, traces the evolution of the concept of ἴαμβος. During the early stages of Greek culture it was used to refer to elementary compositions that made use of αἰσχρολογία in festive occasions associated with the cult of Dionysus and Demeter. Only later would the term come to indicate the metrical structure that, under the form of the trimeter, shaped the cadence of this genre of satirical poetry and, at a later stage, of the dialogue sections in Greek drama. In the course of the two chapters included in the second section, the author carries out an in-depth study of the workings of the iambic trimeter in Sophocles’s tragedies, focussing on the scheme understood as the external aspect of the metrical system. Through this criterion of analysis we have sought to assess the dramatic importance of rythmic variations deriving from the trimeter's basic structure, the abstract and universal entity that defines verse in its more general sense. This analysis is accompanied by the descriptive study of structures in Sophocles’s extant plays, followed by the ecdotic discussion of some lines, namely those in which the option for a conjecture or manuscript variant may imply alteration affecting either the trimeter structure or the text sequence. From the study of trimeter variations, their frequence and their workings, the author attempts to draw conclusions pertaining to the construction techniques of this rythmic structure in Sophocles, which cannot be regarded as following a continuous line of development. This dissertion further includes a concise introduction and conclusion, bibliography, organized into both text editions and commentaries and critical studies, as well as a general, and onomastic index, and an index of resolutions.

L’étude du trimètre sophoclien et de la fonction dramatique de ses variations constitue l’objectif central de ce travail composé de deux parties fondamentales: I. Du iambe au trimètre; II. Le trimètre sophoclien. Dans la première partie, composée d’un chapitre unique intitulé: “L’iambe: histoire du concept – le genre et le mètre”, l’auteur, ayant recours à des témoignages de l’Antiquité, en particulier, de grammairiens et de métriciens, retrace l’évolution du concept ἴαμβος. Au tout début de la culture grecque, ce terme désignait des compositions rudimentaires qui utilisaient la αἰσχρολογία dans des occasions festives associées aux cultes de Dyonisos et de Deméter. Ce ne fut que bien plus tard, comme on essaie de le démontrer au cours de ce travail, que ce terme prêta son nom à la structure métrique qui, sous la forme de trimètre, a marqué la cadence de ce genre de poésie satyrique et, plus tard, des parties dialoguées du drame grec. Dans les deux chapitres qui composent la deuxième partie, l’auteur étudie la dynamique du trimètre iambique dans les tragédies de Sophocle, au niveau du schéma, entendu comme un versant extérieur du système métrique. Dans ce segment d’analyse, il essaie d’évaluer l’importance des variations rythmiques qui se produisent à partir de la structure de base du trimètre, l’entité abstraite et universelle qui définit le vers dans son sens le plus large. Cette analyse s’accompagne de l’étude descriptive des structures dans les pièces conservées de Sophocle, suivie de la discussion ecdotique de quelques vers, tout particulièrement de ceux où le choix d’une conjecture ou d’une variante des manuscrits peut entraîner des changements dans la structure du trimètre ou dans la séquence textuelle. A partir de l’étude des variations du trimètre, de sa fréquence et de sa dynamique, l’auteur retire des conclusions sur des techniques de construction de cette structure rythmique chez Sophocle, qui ne permettent pas d’établir une ligne continue au niveau du développement. Cette thèse est composée, également, d’une introduction et d’une conclusion succintes, d’une bibliographie dans laquelle figurent des éditions, des commentaires et des études critiques et, finalement, d’un index général, d’un index de résolutions et d’un index onomastique.