Infusão do pensamento crítico no ensino práxico da Filosofia em E@D

Abstract

Introdução Segundo a OCDE, projeções sobre as características desejáveis para futuros trabalhadores colocam o pensamento crítico (PC) no topo das competências desejáveis e este é também considerado como fundamental para o exercício da cidadania, o que poderá explicar porque muitos sistemas de ensino o elencam como uma das finalidades a alcançar (Vincent-Lancrin et al., 2020). Porém, e apesar da investigação que tem sido desenvolvida (Hitchcock, 2018; Tenreiro-Vieira & Vieira, 2013, 2016, 2019 e 2021; Vieira, 2015 e 2021; Vieira & Tenreiro-Vieira, 2014 e 2015), nem sempre é claro para os professores como traduzir orientações institucionais, como as do Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória (Martins et al., 2017) em práticas docentes. Seguindo a conceção de Ennis (Ennis, 2011) e de Tenreiro-Vieira e Vieira já referidas e tendo como ponto de partida as orientações das Aprendizagens Essenciais (Ministério da Educação, 2018) para o ensino da Filosofia, avaliam-se os resultados de uma proposta didática, com metodologias ativas, desenvolvida em ensino não presencial, para infusão de disposições e capacidade de PC num ensino práxico da Filosofia. Objetivos da investigação Pretende-se determinar se metodologias como a simulação e a investigação guiada para resolução de problemas em trabalho colaborativo permitem que os alunos expressem intencionalmente disposições e capacidades de pensamento crítico num ensino e aprendizagem práxicos da Filosofia. Metodologia Inserido num projeto de investigação doutoral, apresenta-se um recorte empírico duma sequência de atividades de aprendizagem desenvolvida com alunos do 11.o ano de escolaridade (n=23) que decorreu em 2020-2021, em regime letivo não presencial durante 16 tempos de aula de 45 minutos cada, em modo síncrono e assíncrono e em articulação curricular entre Filosofia, Inglês e Cidadania e Desenvolvimento. Os alunos, em grupos (n=6), foram orientados por um guião onde foi definido o enquadramento temático (Ciência e Cuidado pelo Ambiente), as finalidades de aprendizagem face ao Perfil dos alunos, as tarefas a realizar, em etapas e com identificação dos produtos a criar em cada etapa, as aprendizagens esperadas, os recursos, as rubricas de avaliação e os processos de auto e heteroavaliação. O acesso a recursos informativos e às aplicações digitais utilizadas, como a Google Drive e o Padlet, foi efetuado através da Learning Management System Moodle. Os trabalhos foram acompanhados pelas professoras de Filosofia e de Inglês através da Google Drive e em salas paralelas da Zoom. Resultados Os resultados que se apresentam decorrem da análise da memória descritiva (n=6) escrita em inglês, um dos produtos elaborados pelos alunos. Da análise infere-se que, embora com graus diferentes, os alunos manifestaram explicitamente disposições e capacidades de PC nas soluções que apresentam e nos processos argumentativos de fundamentação dessas soluções. Considerações finais Embora o recorte empírico apresentado seja um segmento dum trabalho que foi desenvolvido com os alunos ao longo de dois anos letivos, com metodologias e recursos digitais similares, é possível concluir que esta sequência de atividades permitiu a expressão intencional de disposições e capacidades de PC, ainda que a integração do conhecimento filosófico nas sequências argumentativas desenvolvidas pelos alunos não tenha sido tão bem-sucedida.