Política pública educacional, política institucional e ensino remoto emergencial: representações sociais de docentes do IFNMG

Abstract

Na pandemia da COVID-19, a educação presencial foi transferida para a modalidade ensino remoto emergencial, na expectativa de reduzir as nocividades que seriam promovidas pela suspensão das aulas. Frente a essa transição, propôs-se, então, analisar o que dizem as representações sociais dos/das docentes do IFNMG sobre as políticas educacionais federais e as institucionais que subsidiaram o ensino remoto emergencial e sobre a política do Ensino Remoto Emergencial (ERE), bem como se as experiências vivenciadas pelos/pelas docentes nessa modalidade de ensino afetaram a sua atuação profissional, sua saúde mental e qualidade de vida. A metodologia utilizada nesta pesquisa possui caráter exploratório e abordagem qualitativa; quanto aos procedimentos técnicos foi utilizado o estudo de caso, e a coleta de dados foi realizada por meio da técnica de associação livre de palavras, entrevistas e questionário. Para análise dos dados utilizaram-se a análise de conteúdo, semântica e a teoria estrutural de Abric. A análise das representações sociais dos/das docentes do IFNMG sobre as políticas públicas educacionais federais evidenciou as representações sociais de ausência, insuficiência, descaso, abandono e negligência que refletem a percepção dos/das docentes em relação à falta de políticas efetivas, de suporte adequado, negligência governamental e desvalorização da profissão docente. Os elementos esforço, insuficiência e lentidão foram as representações sociais construídas pelos/pelas docentes sobre as políticas institucionais refletindo a percepção do esforço necessário da instituição ao implementar o ERE, a insuficiência de recursos estruturais e a lentidão na sua efetivação. Na política de ensino remoto, as representações sociais construídas foram: adaptação, estresse, cansativo, desafio e sobrecarga, destacando a natureza desafiadora e estressante do ERE. Essas representações refletem a percepção de ausência de diretrizes e políticas governamentais, falta de recursos tecnológicos, falta de acesso à internet de alta qualidade, ferramentas e plataformas inadequadas e falta de suporte técnico. Fatores relacionados ao contexto e à estrutura, como a carência de um suporte institucional apropriado, a inexistência de políticas públicas educacionais eficazes e a escassez de recursos tecnológicos adequados trouxeram incertezas, insegurança, angústia, ansiedade, desespero e frustração, impactando consideravelmente a saúde mental e qualidade de vida dos/das docentes. Isso posto, a análise das representações sociais dos/das docentes do IFNMG sobre o ERE proporcionou um entendimento aprofundado sobre o processo de adaptação a esse formato de trabalho, revelando os efeitos das políticas adotadas, as dificuldades, desafios, ganhos, oportunidades, dúvidas e concepções na percepção empírica daqueles/daquelas profissionais. Constatou-se a substancialidade da aprovação de políticas públicas que prevejam esses aspectos a fim de criar condições de trabalho favoráveis aos/às docentes em caso de futuros eventos de isolamento.

During the COVID-19 pandemic, face-to-face education was transferred to emergency remote teaching, expecting to reduce the harmful effects that would be caused by the suspension of classes. Faced with this transition, it was then proposed to analyze what the social representations of IFNMG teachers say about the federal and institutional educational policies that subsidized emergency remote teaching (ERT) and about its policy, as well as whether the experiences lived by teachers in this teaching modality affected their professional performance, mental health, and quality of life. The methodology used in this research has an exploratory nature and a qualitative approach. Regarding the technical procedures, a case study was used, and data collection was carried out through the free word association technique, interviews, and questionnaire. To analyze the data, content analysis, semantics and the Abric's structural theory were used. The analysis of the social representations of IFNMG teachers about federal public educational policies highlighted the social representations of absence, insufficiency, neglect, abandonment, and negligence that reflect the perception of teachers in relation to the lack of effective policies, adequate support, government negligence and depreciation of the teaching profession. The elements effort, insufficiency and slowness were the social representations constructed by teachers about institutional policies, reflecting the perception of the institution's necessary effort in implementing the ERT, the insufficiency of structural resources and the slowness in its implementation. In the remote teaching policy, the social representations constructed were adaptation, stress, tiredness, challenge, and overload, highlighting the challenging and stressful nature of the ERT. These representations reflect the perception of a lack of government guidelines and policies, a lack of technological resources, a lack of high-quality internet access, inadequate tools and platforms, and a lack of technical support. Factors related to context and structure, such as the lack of appropriate institutional support, the lack of effective public policies and the shortage of adequate technological resources have brought uncertainty, insecurity, distress, anxiety, despair, and frustration, considerably impacting educational mental health and teachers’ quality of life. That said, the analysis of the social representations of IFNMG teachers about the ERT has provided a deep understanding of the process of adapting to this work format, revealing the effects of the policies adopted, the difficulties, the challenges, the gains, the opportunities, the doubts, and conceptions in the empirical perception of those professionals. It was shown the substantial approval of public policies that foresee these aspects in order to create favorable working conditions for teachers in case of future isolation events.