Low attitude: three sketches for low pitched duet (version for two Baritone Saxophones)

Abstract

Low Attitude!, three sketches for low pitched duet (originally, for baritone saxophone and bass clarinet duo; alternatively, for 2 baritone saxophones, or 2 bass clarinets, or 2 bassoons), appeared in response to a challenge launched in 2021 by bass clarinet virtuoso Vasco Valente, a long-time dear friend. Officially materialized in a commission from his duo 2_LOW (with baritone saxophonist Filipe Valentim), the request was to write a short piece (4-5 minutes) to be included in an eclectic program of several duos composed by different composers for that peculiar group. My contribution was then the first movement of the present triptych, but I immediately felt that the piece deserved further development. Therefore, in 2022 I added to the initial Rough (at the time of its premiere still generically called Low Attitude!) two new movements, respectively the middle Melancholic and the final Restless. The formal structure thus became a classic triptych fast-slow-fast, in which each movement develops its musical narrative using a different musical technique. The first is essentially minimalist and eccentric; the second is based on an intricate counterpoint that constantly alternates main and secondary voices; the third unfolds in total rhythmic symbiosis but is full of metric irregularity and dramatic silences that interrupt the musical narrative. The unifying point is virtuosity, which is asked to both instrumentalists in equal proportion, as well as a superior technical mastery of their instruments in all the ranges, from the deep low to the altissimo. As I composed the second and third movements, I realized that the music flowing from my imagination suggested grotesque imagery in the style of Paula Rego’s paintings, so often characterized by exaggerated and deformed characters and/or situations. Although there is no direct connection between my cycle and the art of that great Portuguese painter (I do not try to describe any of her paintings in particular), I identify in my music some common characteristics with Rego’s aesthetics, namely a certain grotesque surrealism that punctuates the themes. As frequently has happened in other works of mine, the visual inspiration may not come directly, but reveals itself subconsciously in my compositions, a fact that pleases me, I admit, as I have been a lover of Painting since my youth. Finally, the titles of the three movements reflect everyday states of mind that somehow seek a fusion between artistic abstraction and mundane realism. We are, as humans, eminently artistic living beings, even in the smallest and most ordinary of actions.

Low Attitude!, três esquissos para dueto grave (originalmente, duo de saxofone barítono e clarinete baixo; alternativamente, para 2 saxofones barítonos, ou 2 clarinetes baixos, ou 2 fagotes) surgiu em resposta a um desafio lançado em 2021 pelo virtuoso clarinetista baixo Vasco Valente, um querido amigo de longa data. Concretizado oficialmente numa encomenda do seu duo 2_LOW (com o saxofonista barítono Filipe Valentim), o pedido foi para escrever uma obra curta (4-5 minutos) a incluir num ecléctico programa de vários duos compostos por distintos autores para aquela peculiar formação. A minha contribuição, na altura, foi o primeiro andamento do presente tríptico, mas desde logo senti que, futuramente, a peça merecia ser desenvolvida e alongada. Assim, já em 2022, acrescentei ao inicial Rude (que, aquando da estreia, se designava apenas genericamente como Low Attitude!) dois novos andamentos, respectivamente o intermédio (Melancólico) e o final (Inquieto). A estrutura formal fixou-se, assim, num clássico tríptico rápido-lento-rápido, em que cada andamento desenvolve o seu discurso musical apoiado numa técnica musical distinta. O primeiro é essencialmente minimalista e excêntrico; o segundo assenta num rendilhado contraponto que alterna constantemente voz principal e secundária; já o terceiro desenrola-se em total simbiose rítmica, mas está repleto de irregularidade métrica e dramáticos silêncios que entrecortam o discurso musical. O ponto unificador do ciclo é a exploração do virtuosismo de ambos os instrumentistas em igual proporção, exigindo-lhes um superior domínio técnico em toda a extensão dos seus instrumentos, desde o extremo grave ao agudíssimo. À medida que fui escrevendo, principalmente os segundo e terceiro andamentos, dei-me conta que a música que saía da minha imaginação sugeria imagens grotescas ao estilo da pintura de uma Paula Rego, por exemplo, tantas vezes caracterizada por personagens e/ou situações exageradas e disformes. Não havendo uma ligação directa entre este meu ciclo e a pintura daquela grande artista portuguesa (não tento descrever nenhum dos seus quadros em particular), identifico na minha escrita algumas características comuns com a estética de Paula Rego, nomeadamente num certo surrealismo grotesco que pontua as temáticas. Como frequentemente tem acontecido em outras obras minhas, a inspiração visual pode não vir de forma directa, mas revela-se subconscientemente nas minhas composições, um facto que, admito, me agrada, pois sou um amante de pintura desde a juventude. Finalmente, os títulos dos três andamentos, reflectem estados de espírito do dia-a-dia que procuram, de alguma forma, uma fusão entre o abstracto artístico e o realismo mundano. Somos, enquanto humanos, seres vivos eminentemente artísticos, mesmo nas mais pequenas e rotineiras acções.