Avaliação da relação entre o limiar de dor à pressão e o inventário de sensibilização central em adolescentes

Abstract

Enquadramento: A dor crónica músculo-esquelética tem uma prevalência que varia entre os 11% e os 40% em crianças e adolescentes. Estes adolescentes reportam frequentemente incapacidade no seu dia-a-dia relacionada com a dor. A sensibilização central tem emergido como um fator relevante para o início, manutenção e persistência no tempo da dor crónica músculo-esquelética. Comumente avalia-se com recurso à avaliação sensorial quantitativa, onde se inclui o limiar de dor à pressão (LDP), ou avaliam-se os sintomas associados através do Inventário de Sensibilização Central. Objetivos: Avaliar a relação entre o LDP e o Inventário de Sensibilização Central em adolescentes com dor crónica, dor aguda e sem dor músculo-esquelética. Metodologia: Um total de 93 alunos da Escola Secundária Jácome Ratton, com idade entre os 14 e os 18 anos, participaram neste estudo. Foram avaliados os dados sociodemográficos, a intensidade e localização da dor, os sintomas de sensibilização central, o LDP, a incapacidade funcional, a ansiedade, a depressão, o stress, o sono e a autoeficácia. Resultados: Não foi encontrada nenhuma relação estatisticamente significativa entre o LDP e o Inventário de Sensibilização Central (dor crónica: p=0.772; dor aguda: p=0.676; sem dor: p=0.075). Conclusão: O LDP e o Inventário de Sensibilização Central avaliam fatores distintos e não relacionados. São necessários mais estudos com amostras maiores para perceber se os nossos resultados se podem generalizar.

Background: Chronic musculoskeletal pain has a prevalence that varies between 11% and 40% in children and adolescents. These adolescents frequently report pain-related disability in their daily routines. Central sensitization has emerged as a relevant factor for the onset, the maintenance and the persistence of chronic musculoskeletal pain. Often, it is characterized through quantitative sensory tests, which include the pressure pain threshold, or assessed indirectly through symptoms of central sensitization using the Central Sensitization Inventory. Aim: To evaluate the relationship between pressure pain thresholds and the Central Sensitization Inventory in adolescents with chronic pain, acute pain, and no musculoskeletal pain. Methods: A total of 93 students from Jácome Ratton Secondary School, between 14 and 18 years old, participated in this study. Sociodemographic data, pain intensity and location, central sensitization symptoms, pressure pain threshold, functional disability, anxiety, depression, stress, sleep, and self-efficacy were evaluated. Results: No statistically significant association was found between the pressure pain threshold and the Central Sensitization Inventory (chronic pain: p=0.772; acute pain: p=0.676; no musculoskeletal pain: p=0.075). Conclusion: The Central Sensitization Inventory and the pressure pain threshold assess different and unrelated factors. More studies are needed with larger samples to know if our results can be generalized.