Do autor ao leitor: o como e o porquê da mediação editorial

Abstract

No longo caminho percorrido pela palavra escrita, a evolução na forma, nos suportes e na divulgação, assume uma importância determinante: • da escrita pictográfica e cuneiforme à consolidação do alfabeto latino; • das inscrições rupestres ao uso do papel; • do período monástico em que os estabelecimentos eclesiásticos detiveram o quási-monopólio da produção de manuscritos ao período laico no qual a fundação das universidades, a formação de uma classe burguesa e a abertura da instrução aos leigos, levou a que o processo de escrita, cópia e difusão dos manuscritos se transformasse e, a partir do século XIII, a vida intelectual de deslocasse e surgissem em cada centro universitário novas actividades e profissões relacionadas com a escrita, a mediação e o comércio livreiro. A partir de finais do século XIII e durante o século XIV, assiste-se a um crescendo de especialização com os autores a concentrarem-se na escrita ou compilação de textos, as mais das vezes apoiados por mecenas que garantem a recompensação material e a credibilização da escrita, enquanto, a partir das oficinas de copistas e ilustradores, começam a surgir cadeias de produção do livro cujos artífices irão dar lugar a novas profissões do livro; estas ganhariam protagonismo a partir do século XV com a introdução do livro impresso e a entrada na era da Galáxia Gutemberg. É neste contexto que começa a tomar consistência a mediação editorial. Uma actividade complexa e apaixonante que exige a um bom editor que seja um bom leitor e, para além do encantamento, assuma o exercício rigoroso e subtil da crítica e da razão; desde a percepção da necessidade e ideia do livro à relação com o autor, ao primeiro contacto com o manuscrito, às escolhas tipográficas, à produção final e à divulgação junto dos leitores.