Design da mediação digital no museu: reflexão crítica e exploratória do significado

Abstract

A evolução do ecossistema da informação e comunicação tem provocado alterações significativas nos comportamentos e expectativas do visitante – que agora manifesta desejos de participação, colaboração, partilha e representação pessoal – sugerindo a correspondente necessidade de adaptação do discurso museal. É nesta interpretação – de instituição configurada ao serviço do seu público – que as atuais tecnologias de informação e comunicação encontram uma oportunidade criativa, enquanto importantes sistemas de suporte à mediação cultural: na conceção, construção e disseminação do conhecimento, para a proposição de novos significados. A presente investigação tem como principal objetivo a evidência, compreensão, sistematização e reflexão crítica sobre as principais características qualitativas dos sistemas de mediação digital que suportam a comunicação e a experiência em contexto museográfico, aferindo a sua pertinência, contornos e inferências para a experiência museal. A investigação empírica ausculta cinco especialistas, que abrangem o exercício profissional do design, da curadoria, coordenação e instalação aplicado à museografia e museologia, cujos contributos são recolhidos através de entrevistas semiestruturadas, perspetivando-se a identificação de estruturas e contornos essenciais para o desenho da mediação digital em contexto museográfico. Paralelamente, é proposto um sistema de classificação e categorização que permite enquadrar os sistemas de mediação digital passíveis de serem integrados no museu numa base taxonómica que compreende três eixos distintos: modos de ver, distância de observação e interatividade. A articulação desta proposta de classificação com os restantes elementos presentes na investigação facilita a identificação e a compreensão destas estruturas e contornos essenciais, assim como as principais características qualitativas e respetivas inferências a considerar no desenho da mediação digital no museu.

The evolution of the information and communication ecosystem has caused significant changes in the visitor’s behavior and expectations – who now manifest desires for participation, collaboration, sharing, and personal representation – suggesting the corresponding need to adapt the museum’s discourse and communication approaches. In this interpretation – of an institution configured at the service of its society – current information and communication technologies find a creative opportunity, as essential support systems for cultural mediation: in the conception, construction, and dissemination of knowledge, for the proposition of new meanings. This research aims to evidence, understand, systematize and critically reflect on the main qualitative characteristics of digital media systems that support the communication processes in the museum, assessing their relevance, contours, and consequences to the visitor’s museum experience. The empirical research phase brings together five expert specialists – museum professionals – whose contributions are collected through semistructured interviews. The interviews seek to identify essential structures and contours for the design of digital mediation in a museum context. At the same time, a classification and categorization system is proposed that allows for framing the digital mediation systems that can be integrated into the museum on a taxonomic basis that comprises three distinct axes: virtualization, observation distance, and interactivity. The articulation of this taxonomic proposal with the other elements present in the investigation facilitates the identification and understanding of these essential structures, contours, and the main qualitative characteristics and respective consequences to be considered in the design of digital mediation in the museum.