Controlo executivo e interferência emocional em estímulos auditivos: as palavras emocionais terão mais impacto ditas por mim?

Abstract

A regulação emocional é uma competência fundamental na vida do ser humano. A dificuldade em suprimir informação emocional irrelevante tem sido associada ao desenvolvimento de perturbações mentais (depressão e ansiedade) e o controlo executivo tem sido apontado como tendo um papel importante na regulação desta interferência emocional. O presente estudo pretendeu explorar o efeito da ativação do controlo executivo na exposição a estímulos auditivos emocionais ditos pelo/a próprio/a participante ou por outra pessoa. Foi ainda analisado se este efeito era influenciado pela estratégia de regulação emocional preferencialmente utilizada pelo/a participante. Uma amostra de 27 estudantes universitários (14 homens e 13 mulheres) realizou duas tarefas: uma tarefa de flanker, na qual 50% dos ensaios ativaram o controlo executivo (incongruentes) e 50% não ativaram (congruentes) e uma tarefa de discriminação da cor. Entre as duas tarefas, os participantes eram expostos a duas versões de estímulos auditivos: a) palavras faladas retiradas de uma base de dados (8 neutras e 8 negativas) e b) as mesmas 16 palavras previamente gravadas pelo/a próprio/a participante. Os resultados preliminares indicaram que os homens demoraram menos tempo a responder à tarefa de discriminação, independentemente da valência do estímulo, da congruência da tarefa de flanker ou da identidade do orador. Foi ainda encontrada uma utilização diferenciada, entre sexos, das estratégias de regulação emocional: os homens recorreram mais à supressão emocional e as mulheres à reavaliação cognitiva. A ativação do controlo executivo permitiu diminuir a interferência emocional nos homens apenas quando os estímulos foram ditos pelo próprio e nas mulheres quando os estímulos foram ditos por outra pessoa. Os resultados deste estudo parecem sugerir que a estratégia de regulação emocional preferencialmente utilizada pode influenciar o desempenho comportamental e comprometer o sucesso de estratégias cognitivas implementadas para diminuir a interferência emocional.

Emotional regulation is a fundamental competence in human life. The development of mental disorders (depression and anxiety) has been linked with the difficulty of suppressing irrelevant emotional information. Executive control appears to play an important role in regulating this emotional interference. The present study aimed to explore this regulatory role in the emotional interference caused by two types of auditory stimuli (spoken words): self-voiced or voiced by another person. The influence of the emotional regulation strategy preferably used by the participant in this regulation was also analyzed. A sample of 27 university students (14 men and 13 women) performed two tasks: a flanker task, in which 50% of the trials activated executive control (incongruent) and 50% did not (congruent) followed by a color discrimination task. Between the two tasks, participants were exposed to one of two versions of auditory stimuli: a) spoken words taken from a database (8 neutral and 8 negative) and b) the same 16 words previously recorded by the participant him/herself. Preliminary results indicated that men took less time to respond to the discrimination task, regardless of the stimulus valence, the flanker task congruence or the speaker identity. There was also a differentiation between sexes in the emotional regulation strategies use: men resorted more to emotional suppression and women to cognitive reappraisal. The activation of the executive control allowed to decrease the emotional interference in the men when the stimuli were said by the own and in the women when the stimuli were said by another. Our findings seem suggest that the preferably used emotional regulation strategy can influence behavioral performance and compromise the implementation of cognitive strategies to reduce emotional interference.