Fenomenologia e educação: a sedução da experiência estética

Abstract

É reducionista afirmar que a estética tem como função reflectir sobre a possibilidade de construir mundos de prazer estético, em confronto com o "mundo em geral". Neste caso. a estética estaria desenraizada da atitude sensitiva e cognoscitiva que define a presença quotidiana no mundo. A existência é um percurso de vivincias e cada vivência é um acto individual, particular e contingente, é certo. mas que resulta da possibilidade - que se quer livre - de sentir, de pensar. de criar. Assim, quer o mundo da realidade visível, quer o mundo dos pensamentos e dos sentimentos, enquanto referincia. enquanto poder de sugestão. podem mover o indivíduo a configurar a sua esfera de acqão privada, que não 6 sem consequências. também no plano da intersubjectividade. O argumento que mais justifica a reilexão sobre a experiência estética é de ordem antropológica: como campo de convergência de intencionalidades. essa experiência faz interagir a realidade interior e a realidade exterior, aproximando-as e mantendo-lhes a independência. A experiência estética não é só rnanifestaqão de ser no mundo, de participacão nas suas figuras e revelacões: conduz para dentro, para universos externamente silenciosos, para o privado, o íntimo em toda a sua nocturna latência.

It is reductive to assert that aesthetics has, as its function to reflect on the possibility of constructing realms of aesthetic pleasure, in confrontation with the "world in general". In this case, aesthetics would be displaced from the sensitive and cognoscitive attitude that defines daily existence in the world. Existence is a succession of experiences and each experience is an individual act, private and fortuitous, granted, but that arises from the possibility - desirably free - of feeling, of thinking, of creating. Thus, both the world of visible reality and the world of thoughts and feelings whilst reference, whilst suggestive power, can move the individual to delineate hislher own sphere of private action, which is not without consequences, on the level of intersubjectivity as well. The argument that most justifies reflection on aesthetic experience, is of an anthropological nature: as a convergence area of intentionality, this experience makes interior reality and exterior reality interact, bringing them together and upholding their independence. The aesthetic experience is not only the manifestation of being in the world; of participating in its figures and revelations; it leads inwards, to externally silent worlds, towards the private, the intimate in all its nocturnal latency.