Síntese, caracterização e aplicações de complexos de metais de transição com ligandos doadores de N, O e S

Abstract

Os ácidos piridino-carboxílicos e seus derivados estão presentes em vários produtos naturais. São muito usados em medicina devido ao largo espectro de propriedades, tanto os naturais como os derivados sintéticos. O mais conhecido é o ácido piridino-3-carboxílico ou ácido nicotínico, a vitamina PP. O ácido 3-aminoisonicotínico e o seu derivado éster metílico foram os primeiros compostos pirídinicos, além da nicotinamida e seus derivados, a apresentar actividade antituberculosa in vivo. Os complexos metálicos de ácidos piridino-carboxílicos são também particularmente interessantes como sistemas modelo devido às suas propriedades fisiológicas. Assim, foram sintetizados complexos de metais da 2a e 3a série de transição com os ácidos piridino-carboxílicos: 3-hidroxipicolínico, 2-hidroxinicotínico, 2-mercaptonicotínico e 2-aminonicotínico. A caracterização estrutural permitiu a identificação do modo de coordenação. À excepção do átomo doador de enxofre do ácido 2-mercaptonicotínico, em geral, o átomo de azoto heterocíclico é o que apresenta maior afinidade para os centros metálicos. Para além dos ligandos heterocíclicos referidos, foram também utilizados os ácidos 3-hidroxiantranílico e 3-amino-salicílico que possuem um grupo amino exocíclico. Coordenam via monodentado pelo átomo de oxigénio do grupo carboxilo ou pelo átomo de azoto e via bidentado em quelato através dos átomos de oxigénio e de azoto dos grupos hidroxilo e amino. Num outro âmbito, foram sintetizados e caracterizados complexos de platina com ligandos derivados da piridina, os ésteres piridino-2-acetato de metilo e picolinato de etilo. Dois deles foram utilizados em reacções modelo de interacção de complexos de platina com o DNA e proteínas contendo enxofre. Este estudo permitiu relacionar a actividade citotóxica apresentada pelos complexos com o tipo de interacção dos complexos com as moléculas biológicas. Alguns dos complexos de molibdénio e tungsténio foram testados como catalisadores de reacções de transferência de oxigénio, nomeadamente nas oxidações de benzoína, trifenilfosfina, cis-cicloocteno e álcool benzílico.