Processos metamórficos variscos na serra da Freita: zona Centro-Ibérica, Portugal

Abstract

Esta tese consiste no estudo de metassedimentos da Serra da Freita. Estes metassedimentos fazem parte do "C.X.Gn. ante - ordovicico e foram intnii'dos por granitos sina tardi e pós D3. Os dados de campo, petrográficos e de química mineral conjugados com conhecimentos prévios, permitiram concluir que o metamorfismo decorreu essencialmente no período final da D2 sin a tardi D3, sendo do tipo de baixa pressão, com paragéneses contendo andaluzite nas zonas de grau médio e alto, prógrado e praticamente isobárico. Localmente, geraram-se associações ricas de distem: estas associações são particularmente importantes nos locais que evidenciam uma intensa circulação de fluidos (grande densidade de veios de quartzo; minerais hidratados); este facto, complementarmente ao reconhecimento da distena ser posterior ao polimorfo de mais baixa pressão, sugere que o aumento de ductilidade (provocado pela hidratação por fluidos metamórficos ascendentes a partir da zona da silimanite) tenha causado aumento local da tensão média, criando-se assim condições que favoreciam a transformação andaluzite-distem. Em zonas subjacentes a este domínio metamórfico foram encontradas, ao longo de uma direcção, paragéneses minerais rnarcadas pela coexistência em equilíírio de cristais de andaluzite de distena e de silimanite. Esta inwlgar ocorrência de associações de ponto triplo foi, provavelmente, resultado da intervenção de dois factores: (a) presença de solução sólida FeA1Si05 nas fases de A12Si05 e (b) o aumento de variância de um grau induzido pela presença adicional de um componente químico - o ferro. O padrão geométrico das isógradas sugerindo "dobramento" é encarado como resultando de várias fases de evolução metamórfica e tectónica: ocorreu inicialmente uma estruturação das superiíces isográdicas durante o metamoriísmo sinD2, a que se sobrepuseram os episódios de deformação, metamorfismo e relaxamento térmico posteriores. Os planos isográdicos foram considerados como superfícies de reajustamento químico sujeitos a uma evolução contínua durante a imposição de regime metamórfico varisco e não como descontinuidades físicas criadas em episódios pontuais.