Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10773/15155
Title: Perceções sociais dos portugueses face aos riscos associados às alterações climáticas
Author: Rocha, Cândida Leonor Pinto
Advisor: Borrego, Carlos
Figueiredo, Elisabete Maria Melo
Keywords: Ciências e engenharia do ambiente
Alterações climáticas - Impacto social
Meios de comunicação social
Percepção social
Opinião pública
Defense Date: 2015
Publisher: Universidade de Aveiro
Abstract: O aquecimento do sistema climático é inequívoco e a influência humana é clara. A continuação da emissão de gases com efeito de estufa irá potenciar os impactes das alterações climáticas, representando um compromisso futuro que se perpetuará por vários séculos. As alterações climáticas não proporcionam uma experiência sensorial direta, embora as variações de temperatura e de precipitação e os extremos climáticos de vários tipos poderem ser experienciados. O cidadão comum não se apercebe do que está a acontecer, a menos que ocorram mudanças significativas, no estado normal do tempo para uma determinada época, na região do mundo onde ele vive. Mesmo para os especialistas, o problema só é cognoscível através de uma vasta rede científica, técnica e institucional. O conhecimento, é portanto, transmitido ao público em geral maioritariamente através de representações dos media sobre o discurso produzido pela comunidade científica. O principal objetivo deste trabalho é averiguar a interligação entre o discurso científico, o discurso mediático e as perceções da população portuguesa na temática das alterações climáticas. A metodologia utilizada, para a prossecução do objetivo, num trabalho que cruza o domínio científico da engenharia do ambiente com o das ciências sociais, encontra-se dividida em 3 fases principais: (1) Uma primeira fase onde se realiza uma análise ao discurso científico de produção nacional, com uma análise de conteúdo aos resumos dos artigos científicos, utilizando 884 resumos da base de dados Scopus de 1975 a 2013 com a palavra-chave ‘Climate Change’; (2) Uma segunda fase onde se analisa o conteúdo de notícias de meios de comunicação social portugueses, aplicando uma análise de conteúdo a 4340 notícias veiculadas por 4 órgãos de comunicação social (Correio da Manhã, Público, RTP e TSF) entre 2004 e 2013, utilizando os respetivos motores de busca online com a palavra-chave ‘Alterações Climáticas’; e, (3) uma terceira fase onde se compila a informação dos estudos existentes sobre a população portuguesa, utilizando os dados dos Eurobarómetros que incluem o tema das alterações climáticas de 1982 a 2014. Seguindo uma linha condutora que inclui o discurso científico, o discurso mediático e as perceções sociais, almejou-se uma abrangência do tema das alterações climáticas, investigando a existência do fenómeno e as respetivas causas, as consequências com a análise dos impactes e dos riscos associados a esses impactes e as soluções através de medidas de mitigação e de adaptação. Nos principais resultados emerge a evidência de que a intensidade de crescimento da produção científica nacional não se traduz num crescimento consistente dos índices de noticiabilidade dos órgãos de comunicação social e desde 2010 que o número de dias por ano, sem notícias sobre alterações climáticas, ultrapassa dos 50%. Em consequência, os níveis de informação da população portuguesa sobre as alterações climáticas são sistematicamente inferiores à média europeia. Em Portugal as taxas de pouco ou nulo conhecimento rondam os dois terços de inquiridos. Não obstante o seu caráter contínuo, para que as alterações climáticas se tornem alvo de interesse dos media é necessário que ocorram reuniões políticas, encontros científicos ou outros acontecimentos. A visibilidade alcançada pelos acontecimentos nacionais é muito fraca e os acontecimentos meteorológicos extremos, não são frequentemente relacionados com o fenómeno das alterações climáticas. No seio da comunidade científica portuguesa existe um claro consenso sobre a existência das alterações climáticas e das suas causas antropogénicas. No discurso mediático português não se verifica enviesamento da informação não sendo surpreendente os baixos níveis de ceticismo dos portugueses. A abordagem aos impactes das alterações climáticas, tanto no discurso científico como no discurso mediático, é robusta e em 2014, cerca de sete em dez portugueses afirma que as alterações climáticas são um problema muito sério. Contudo, Portugal apresenta a proporção mais baixa da Europa de respondentes que percepcionam as alterações climáticas como o problema mais grave que o mundo enfrenta. Para estes resultados poderá contribuir a baixa inclusão de termos relacionados com o risco, tanto no discurso científico como no mediático, não ultrapassando os 20%. Tanto o discurso científico como o discurso mediático não estão direcionados para as soluções (mencionando especificamente medidas de mitigação ou medidas de adaptação). A menção às medidas de mitigação e às medidas de adaptação não ultrapassam os 16% no discurso científico e apresentam valores ainda mais baixos no discurso mediático (13%). Em ambos os discursos existe uma clara preferência pela menção às medidas de adaptação em detrimento das medidas de mitigação. Com valores tão baixos na abordagem às soluções das alterações climáticas não surpreendem os também diminutos níveis de responsabilidade que a população portuguesa atribui a si própria no combate às alterações climáticas.
The warming of the climate system is unequivocal and human influence is clear. Continued greenhouse gas emissions will enhance the impacts of climate change, representing a future commitment that will be perpetuated for centuries to come. Climate change does not provide a direct sensory experience, although we can experience changes in temperature, precipitation and in several weather extremes. Unless significant changes in normal weather happen, in the part of the world where they live, lay people do not realize what is happening. Even for experts, the problem is only knowable through a wide scientific, technical and institutional network. Knowledge is therefore transmitted to lay people mainly through media representations of the discourse produced by the scientific community. The aim of this work is to investigate the link between the scientific discourse, the media discourse and the perceptions of the Portuguese population on climate change. The methodology used, in a work that crosses the scientific field of environmental engineering with the social sciences, is divided into 3 main phases: (1) a first phase involving the analysis of the scientific discourse of national production, with a content analysis of the abstracts using 884 abstracts of the Scopus database from 1975 to 2013, with the keyword 'Climate Change'; (2) analysis of Portuguese media, applying content analysis to 4340 news by 4 media (Correio da Manhã, Público, RTP and TSF) between 2004 and 2013 using the online search engines with keyword 'Climate Change'; and, (3) a third phase where it compiles information from existing studies on the Portuguese population, using data from Eurobarometer surveys that include the issue of climate change from 1982 to 2014. In the scientific discourse, the media coverage and the social perceptions, a high range of themes in climate change was aspired. Including investigating the existence of the phenomenon and the natural or anthropogenic causes, the consequences of climate change with the analysis of impacts and the associated risks and the solutions through mitigation and adaptation measures. The results show evidence that the growth intensity of the national scientific production does not result in consistent growth of newsworthiness indices of the media and since 2010 the number of days per year, with no news on climate change, exceeded 50%. Consequently, the information levels of the Portuguese population on climate change are consistently lower than the European average. In Portugal the level of zero or low knowledge is around two-thirds of the respondents. Despite its ongoing basis, interest political meetings, scientific meetings or other events needs to occur so that climate change become media target. The visibility achieved by national events is very weak and extreme weather events are often not related to the phenomenon of climate change. Within the Portuguese scientific community there is a clear consensus on the existence of climate change and its anthropogenic causes. In the Portuguese media there is no information bias, and so the low levels of skepticism in Portugal are not surprising. The approach to the impacts of climate change both in scientific discourse and in the media coverage is robust and in 2014, about seven in ten Portuguese states that climate change is a very serious problem. However, Portugal has the lowest proportion in Europe of respondents who perceive climate change as the most serious problem facing the world. For these results may contribute the low inclusion of terms related to risk, both in scientific discourse as in the media, not exceeding 20%. Both the scientific discourse as the media coverage are not directed to the solutions (specifically mentioning mitigation or adaptation measures).References of mitigation and adaptation measures do not exceed 16% in scientific discourse and have even lower values in the media coverage (13%). In both discourses exists a clear preference towards adaptation measures at the expense of mitigation measures. With such low values in the approach to the solutions of climate change the low levels of responsibility that the Portuguese population assigns to itself in combating climate change are not surprisingly low.
Description: Doutoramento em Ciências e Engenharia do Ambiente
URI: http://hdl.handle.net/10773/15155
Appears in Collections:UA - Teses de doutoramento
DAO - Teses de doutoramento



FacebookTwitterLinkedIn
Formato BibTex MendeleyEndnote Degois 

Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.