Efeitos de dois pesticidas organofosforados em Daphnia spp

Abstract

O uso abusivo de pesticidas pode ter consequências graves para o ambiente aquático. É importante conhecer e divulgar os perigos que esse abuso pode causar em muitos ecossistemas. A resposta de alguns organismos a estas substâncias, é muitas vezes uma das primeiras ferramentas utilizadas na análise do efeito que um determinado agente xenobiótico pode causar no ambiente aquático. Neste estudo, foram observados os efeitos agudos e crónicos causados pelos pesticidas Quirlan® (fórmula comercial de Chlorfenvinphos) e Kimlux® (fórmula comercial de Quinalphos), em diferentes parâmetros de reprodução e crescimento das espécies Daphnia magna (espécie padrão) e Daphnia longispina (espécie autóctone). Os efeitos agudos e crónicos foram significativos em ambas as espécies e para ambos os pesticidas, e as taxas de crescimento intrínseco foram significativamente afectadas nas concentrações mais elevadas. Embora haja alguma falta de informação a respeito da concentração destes pesticidas no ambiente, estes revelaram (em algumas concentrações) a sua toxicidade. É, por isso, possível que uma exposição crónica a concentrações ainda inferiores destes pesticidas, possa levar à manifestação de efeitos significativos a nível do crescimento e reprodução dos indivíduos, sendo, numa fase seguinte, o ecossistema afectado.

The uncontrolled use of pesticides can lead to drastic consequences to the aquatic environment. It is important to inform the community of the dangerous effects that an abuse in pesticides may cause to many ecosystems. The response of many organisms to these substances is often one of the first tools that can be used to evaluate the effect, and the potential risk of a given xenobiotic to the whole aquatic environment. In this study, the acute and chronic effects of the organophosphorous pesticides Quirlan® (commercial formulation of Chlorfenvinphos) and Kimlux® (a commercial formulation of Quinalphos) were observed in growth and in reproduction of Daphnia magna (a standard testing species) and Daphnia longispina (an autochthonous species). Acute and chronic exposures caused significant effects in the two Daphnia species. The Intrisic Growth Rate presented significant differences in both species with both tested pesticides. Although some absence of information exists on the environmental concentration and effects of Chlorfenvinphos and Quinalphos, this study revealed their toxicity in some of the tested concentrations. Thus, it is likely that a chronic exposure to even lower concentrations of these pesticides can lead to significant effects in individual-level growth and reproduction characteristics, and, at a later stage, to problems within the ecosystem.